Açoriano Oriental
Arqueólogos debatem quinta e sexta-feira estado do património nacional
Arqueólogos portugueses debatem quinta e sexta-feira, em Lisboa, o estado do património arquitectónico e arqueológico nacional sob o lema "duzentos anos de destruição e salvaguarda".

Autor: Lusa / AO online
O encontro, intitulado I Jornadas de Arqueologia e Património, é organizado pela Associação Portuguesa de Arqueólogos (APA) que no folheto de inscrição salienta a entrada das tropas napoleónicas pela fronteira de Segura (Beira Baixa) em 1807 como o início de um "panorama desolador".

Igrejas assaltadas e incendiadas, túmulos violados e roubo de peças de arte são algumas das situações referenciadas.

Em declarações à Lusa, o presidente da APA, José Morais Arnaud, referiu-se a 1807 como "o início da calamidade".

Para este responsável, depois de "anos de desenvolvimento e expansão na salvaguarda e actuações preventivas", correspondente ao período de 1996 a 2003, "estamos num período de franca regressão".

Arnaud referia-se à recente integração do extinto Instituto Português de Arqueologia (IPA) no actual Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR), no âmbito do Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE).

Na sua opinião, "se a criação do IPA em 1997 foi um enorme progresso, actualmente regrediu-se".

Relativamente às jornadas que acontecerão no auditório da Faculdade de Belas Artes, no Chiado, "serão uma reflexão conjunta sobre o estado do património", tanto mais que "teremos sido pioneiros na sua salvaguarda".

Arnaud citou o decreto real de 1721, assinado por D. João V, que obrigava as entidades oficiais e particulares a darem notícia de achados arqueológicos ou danos no património.

A criação de uma comissão dos monumentos nacionais surgiu no século seguinte, em 1880, por mão de Possidónio da Silva, o arquitecto do Palácio da Ajuda.

"Neste esteiro surgiu a APA e daí termos a autoridade moral e histórica para analisar e debater estratégias pois o património é um valor que não podemos desperdiçar. Ninguém visita um país sem monumentos ou com eles a cair, e o turismo é uma das nossas principais fontes de receita", sublinhou.

Estas jornadas "procurarão sensibilizar e consciencializar a opinião pública de que, mesmo em épocas de crise, o património vale o nosso investimento", disse.

Participam nas Jornadas vários especialistas da área, entre eles Jacinta Bugalhão, do IGESPAR, que abordará os desafios da arqueologia, o arqueólogo Santiago Macias, que falará da descoberta do al-Andaluz e a sua ligação à arqueologia em Santiago do Cacém, e Walter Rossa, da Universidade de Coimbra, que debaterá o património urbanístico como "uma salvaguarda em transformação".

O historiador de arte Paulo Pereira, da Faculdade de Arquitectura, encerra as jornadas com uma comunicação intitulada "O passado e o futuro: um desafio transtemporal que se impõe".
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