G20

António Guterres deixa Roma com "esperanças desapontadas"

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou hoje que deixa Roma, onde terminou a cimeira do G20, com "esperanças desapontadas", após o conselho misto das principais economias do mundo na luta contra o aquecimento global.



"Saúdo o compromisso renovado do G20 a favor de soluções globais, mas deixo Roma com esperanças desapontadas - mesmo que não estejam enterradas", disse António Guterres, na rede social Twitter.

"A caminho da COP26 em Glasgow para manter o objetivo de 1,5 grau", acrescentou o líder da ONU.

Guterres parte para a Conferência do Clima das Nações Unidas - COP26, que arranca este domingo em Glasgow, Escócia, uma reunião de duas semanas consideradas cruciais para o futuro da humanidade.

"Fizemos um progresso razoável no G20 (...), mas não é o suficiente", afirmou, também, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

"Se Glasgow falhar, é tudo que falha", alertou.

A declaração final do G20 vai um pouco além do acordo de Paris sobre o objetivo de limitar o aquecimento global a +1,5ºC, com o compromisso de eliminar todo o financiamento internacional das centrais elétricas a carvão. Mas não há uma data clara para eliminar completamente o carvão ou os combustíveis fósseis, nem para alcançar a neutralidade de carbono.

"Se o G20 foi um ensaio geral para a COP26, então os líderes mundiais perderam a sua linha", afirmou, por sua vez, a diretora executiva da Greenpeace International, Jennifer Morgan, denunciando que o comunicado final do G20 é "fraco, sem ambição e visão".

"Tudo o que vivemos foram meias medidas em vez de ações concretas", apontou Friederike Röder, vice-presidente da Global Citizen.

O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, cujo país presidiu o G20 deste ano, afirmou estar "orgulhoso" dos resultados obtidos, vendo "bases bastante sólidas" para a conferência de Glasgow.

"Mas temos que ter em mente que isto é apenas o início", admitiu, acrescentando: "Vamos passo a passo".

Os responsáveis "negociaram toda a noite e alcançaram um bom sinal antes de Glasgow", considerou a chanceler Angela Merkel.

As decisões do G20 sobre o clima eram as mais esperadas deste grupo, que reúne as principais economias desenvolvidas (UE, Estados Unidos), mas também grandes países emergentes como a China, Rússia, Índia ou o Brasil e representa 80% das emissões mundiais de gases de efeito estufa.

Eles podem "ter sucesso ou enterrar a esperança de manter o objetivo de +1,5ºC ao alcance", comentou hoje, em Glasgow, o presidente da COP26, Alok Sharma.

O comunicado final do G20 reaforma o objetivo do acordo de Paris de 2015, nomeadamente em "manter o aumento médio das temperaturas bem abaixo dos 2ºC e continuar os esforços para o limitar a 1,5ºC acima dos níves pré-industriais".

Sharma salientou que manter a meta de 15ºC "exigirá ações e compromissos singificativos e eficazes de todos os países".


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