Açoriano Oriental
2019
Ano-chave para futuro político de Rio, Cristas e Santana

PSD, CDS-PP e Aliança vão enfrentar as eleições europeias, legislativas e regionais da Madeira de 2019 com diferentes perspetivas, mas com Rui Rio, Assunção Cristas e Santana Lopes a jogarem o seu futuro político no próximo ano.

Ano-chave para futuro político de Rio, Cristas e Santana

Autor: Lusa/AO Online

O presidente do PSD, que completará um ano de mandato em janeiro, teve um 2018 repleto de tensões internas e já admitiu que o resultado das legislativas será um “elemento nuclear” para avaliar uma recandidatura em 2020, embora assegurando que a intenção é continuar.

Nas poucas entrevistas que deu desde que foi eleito, Rui Rio tem dito que o PSD ainda não está em condições de vencer o PS, mas que no próximo outono poderá disputar “taco a taco” a vitória com os socialistas.

Vários membros da direção já questionaram o hábito de o PSD trocar de liderança sempre que há uma derrota eleitoral, com o próprio Rio a lamentar que o presidente de um partido seja hoje “uma espécie de diretor comercial”, que é mudado quando "não consegue vender o produto com sucesso".

Desde a Festa do Pontal do PSD, no início de setembro, o discurso da direção endureceu em relação aos críticos internos e Rio chegou a desafiar os que “discordam estruturalmente” a seguirem as pisadas de Pedro Santana Lopes, que abandonou em agosto o partido que já liderou e fundou um novo, a Aliança.

Mais recentemente, quer Rui Rio, em reuniões internas, quer destacados dirigentes têm, em sucessivas entrevistas, responsabilizado os críticos internos pela dificuldade de passar a mensagem do líder, por eventuais maus resultados eleitorais, e, até, nas palavras do vice-presidente Castro Almeida, por um “suicídio coletivo” do PSD.

Foi logo no Congresso de consagração de Rui Rio que um dos candidatos à sua sucessão deixou o alerta: o ex-líder parlamentar Luís Montenegro, apontado como o que agrega mais apoios em caso de haver disputa da liderança, avisou que não pedirá licença a ninguém se quiser concorrer no futuro.

De forma mais ou menos explícita, outros nomes foram-se posicionando ao longo de 2018, casos do ex-líder da JSD Pedro Duarte, do ex-líder da distrital de Lisboa Miguel Pinto Luz ou do antigo assessor político de Passos Coelho, Miguel Morgado. Paulo Rangel e Carlos Moedas são outras ‘reservas’ do partido, caso as eleições internas previstas para 2020 sejam antecipadas.

O nascimento de um novo partido na área do centro-direita – apesar de Rio defender que o PSD tem de conquistar votos no centro-esquerda e na abstenção – já levou quer Santana Lopes quer Assunção Cristas a ‘sonharem’ com uma espécie de ‘geringonça’ no outro lado do espetro partidário.

Substituir a “frente de esquerda” que governa o país foi, aliás, a principal mensagem de Pedro Santana Lopes no final do primeiro encontro partidário que teve, precisamente com a líder do CDS-PP (o PSD ficará para o fim).

Tal como tem repetido Cristas ao longo dos últimos meses, também o antigo primeiro-ministro defende que “quem tiver uma solução política com o apoio de 116 deputados no parlamento” pode constituir Governo.

No início do ano, em março, a ex-ministra do Ambiente saiu, sem surpresas, vitoriosa do 27.º congresso com a ambição de transformar o partido na "primeira escolha" e na "grande casa do centro e da direita".

Essa “ambição” entrou no discurso líder centrista, mas foi sendo caldeada com outro elemento: a tese do fim do voto útil. E tenta “cavar” as diferenças com PSD e Aliança, comparando-os a partidos colaboracionistas do PS.

Afinal, depois de o PS ter ficado, em 2015, em segundo lugar nas eleições, atrás da coligação PSD/CDS, e ter conseguido formar Governo com uma maioria de esquerda, com PCP, BE e PEV, Assunção tem apontado o discurso para a criação do tal bloco de direita com pelo menos 116 deputados.

E, em outubro, até teorizou sobre as dificuldades de uma maioria absoluta a sair das legislativas de 2019.

“Não é desejável”, afirmou a um grupo de jovens do Conselho Nacional de Juventude Assunção Cristas que, ao contrário do PSD, tem um partido pacificado, apesar das várias tendências internas organizadas, numa altura em que o ex-líder Manuel Monteiro ensaia um regresso à militância.

Já Rio, quando questionado sobre um cenário de um entendimento à direita, fez questão de distinguir o CDS – “um parceiro natural” – da Aliança, dizendo não saber ainda bem o que é o partido de Santana Lopes.

As primeiras eleições a disputar no próximo ano serão as europeias, em 26 de maio, e, no centro-direita, só o PSD ainda não anunciou o seu cabeça de lista, havendo a dúvida se irá repetir a aposta de Paulo Rangel, número um dos sociais-democratas ao Parlamento Europeu em 2009 e 2014.

Para as europeias, em que o CDS candidata Nuno Melo, o partido de Assunção Cristas fixou a meta: duplicar o número de eleitos, recuperando o segundo eurodeputado para o PSD em 2014, em resultado do acordo de coligação entre os dois partidos.

A Aliança anunciou no início de dezembro o assessor do Presidente da República Paulo Sande como cabeça de lista às europeias, que em entrevista à Lusa disse ambicionar eleger “três ou quatro eurodeputados” naquele que será o primeiro ‘teste’ do novo partido.

As regionais da Madeira, que se realizarão em 22 de setembro (duas semanas antes das legislativas), poderão ser outra eleição difícil para o PSD, que sempre governou o arquipélago com maioria absoluta.

Para 06 de outubro ficaram marcadas as eleições legislativas, o grande teste dos vários partidos do centro-direita, numa altura em que todas as sondagens apontam para uma confortável vitória do PS.


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