Autor: Nuno Martins Neves
Ainda os funcionários do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES)
colavam a palavra “EMERGÊNCIA” nas portas do Serviço de Urgência do
Hospital Modular e já esta unidade estava a receber o primeiro utente,
15 minutos antes da hora prevista de abertura, as 16h00 de ontem.
Um
episódio de alguma gravidade, que levou até à necessidade de recorrer à
sala de pequena cirurgia, e que comprova que quando toca a saúde, não
há hora para aberturas de uma infraestrutura de vital importância para a
comunidade.
A resposta escolhida pelo Governo Regional dos Açores para reagir ao incêndio do dia 4 de maio que deixou o HDES bastante limitado abriu portas ontem. E mesmo que alguns autocolantes ainda teimassem cair da parede da sala de espera, não foi preciso esperar muito para que o primeiro utente entrasse pelo seu próprio pé.
Neste caso, Sérgio Lemos, natural de Ponta Delgada, entrou de muletas, fruto de um acidente que provocou a rutura de ligamentos e rótula do joelho esquerdo, cujas dores o levaram até àquela infraestrutura.
“Optei por dirigir-me diretamente aqui, por causa das dores que tinha. Como ouvi nas notícias que o serviço hoje [ontem] já estava em funcionamento, vim diretamente para aqui”, relatou ao Açoriano Oriental.
Sem ter ligado antes para a Linha de Saúde Açores, este utente expressava o desejo de “ser atendido rápido”, tendo recebido, após a triagem, uma pulseira verde, a segunda menos grave da escala de Manchester e aquelas para as quais o Serviço de Urgências está capacitado - apesar de também dar resposta a doentes mais graves, como explicou a secretária regional da Saúde.
Sem queixas da resposta - “as instalações são ótimas, vamos ver agora o atendimento médico” - Sérgio Lemos reconhece que, apesar deste serviço ainda não estar a 100%, já é muito bem-vindo.
“Eu sei que, para já, é impossível dar resposta a tudo, pois ainda estão em obras e só no final terá as valências todas. Para já é o que se pode arranjar, mas já é uma coisa boa: quem tinha de se deslocar de Ponta Delgada à Ribeira Grande e agora já não precisa, já é uma coisa boa, não é?”, diz, explicando que desde o incêndio do dia 4 de maio até ontem, já foi duas vezes ao Serviço de Urgências no Centro de Saúde da Ribeira Grande, “mas dependi de um amigo meu para levar-me e ir buscar-me. Era um pouco desagradável”.
Idalina Sousa também foi utente do Serviço de
Urgências HDES na Ribeira Grande - que vai passar a fechar à
meia-noite, como anteriormente - mas ontem deu de caras com a
porta fechada naquela unidade do concelho nortenho da ilha de São
Miguel.
A procura de cuidados de saúde deveu-se a uma “coisa tola”,
como explica: “Virei-me na cama, que é grande, mas não sei como cai no
chão e bati com o peito. Fiquei sem ar! Ainda bebi um copo de água e
tomei um analgésico, mas continuava cheia de dores”.
Foi a sua filha mais velha que ligou para a Linha de Saúde Açores e disse a mãe que “para ir para a [Urgência da] CUF não seria boa ideia, disse-me para ir para a Ribeira Grande. Mas estava fechada”.
No Hospital Modular, a utente natural da freguesia do Cabouco, foi atendida, triada e confessou “está bom, agora é esperar, que a gente não sabe”.
Quanto tempo esperou para ser atendida e ter alta, o Açoriano Oriental não sabe, nem de Idalina Sousa, nem de Sérgio Lemos, pois à hora que a equipa de reportagem deixou as instalações - passava pouco das 18h00 - ainda se encontravam no interior do Serviço de Urgências.
Segundo dados fornecidos por fonte do gabinete de comunicação do Hospital do Divino Espírito Santo, durante as primeiras duas horas e meia de atividade, entre as 16h00 e as 18h30, tinham sido atendidos 28 utentes.
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