Açoriano Oriental
Ensino Superior
Universidade Técnica de Lisboa premeia dirigentes estudantis
Vanda Guerra tornou-se há dois anos a primeira mulher a dirigir a Associação de Estudantes da Faculdade de Motricidade Humana. Agora, foi premiada, com mais três colegas, pelo seu desempenho.

Autor: Lusa/Ao online
Pela primeira vez, a reitoria da Universidade Técnica de Lisboa, com o apoio do banco Caixa Geral de Depósitos, decidiu premiar os dirigentes estudantis, pelo seu contributo para a "coesão" da instituição.

    Os prémios, no valor de 500 a mil euros, foram entregues terça-feira à noite no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, em Lisboa.

    Além de Vanda Guerra, foram distinguidos Luís Palminha, presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Arquitectura de Lisboa, Bruno Barracosa, presidente da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico, e Ricardo Luís, presidente da Assembleia-Geral da Associação de Estudantes do Instituto Superior de Agronomia.

    À Agência Lusa confessaram que o prémio, que servirá, nalguns casos, para financiar actividades dos alunos, é o reconhecimento de um trabalho em equipa, que os ajudou, acima de tudo, a "crescer".

    "Fiz amigos para a vida, aprendi a gerir emoções, a saber ouvir, a aceitar críticas, a agir na hora, a tomar decisões, a ajudar e a motivar as pessoas", descreveu Vanda Guerra, 23 anos, que aos 21 tornou-se na primeira mulher a dirigir, em mais de meio século, a Associação de Estudantes da Faculdade de Motricidade Humana, antigos Instituto Superior de Educação Física e Instituto Nacional de Educação Física.

    A jovem conta, com orgulho, que os colegas vêem-na como uma "pessoa credível", boa aluna, ao ponto de estudarem pelos seus "apontamentos".

    Vanda aprendeu a cumprir os "protocolos todos" e, apesar de no primeiro ano ter baixado as médias quando era ainda vice-presidente, afirma, sem arrependimentos: "Não trocava um valor na nota pela experiência da Associação de Estudantes".

    O ser mulher, ressalva, ajudou apenas a que fosse sempre "bem tratada" no desempenho das suas funções, enquanto representante máxima de dois mil alunos.

    A completar o seu último mandato, a finalista do curso de Educação Física aponta como um dos feitos alcançados o ter conseguido acordos com empresas que facilitem o acesso directo dos alunos ao primeiro emprego.

    Já Bruno Barracosa, 23 anos, a concluir a licenciatura em Engenharia e Gestão Industrial no Instituto Superior Técnico e pela última vez a liderar a Associação de Estudantes, expressa: "Saio com um grande sorriso e o sentimento de missão cumprida".

    A sua "equipa", como gosta de chamar aos restantes colegas dirigentes, conseguiu criar, há seis meses, um gabinete de emprego e formação, que regista patentes de projectos, promove estágios internacionais e incentiva a criação de empresas.

    Ainda este ano lectivo, a Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico tenciona pôr a funcionar um sistema de impressão remota, que permita aos alunos imprimir trabalhos, efectuar fotocópias ou digitalizar imagens, a baixos custos, a partir de um computador portátil, em qualquer ponto do recinto universitário.

    Há também a ideia de criar um canal de televisão interno que difunda informações sobre a instituição.

    Bruno Barracosa sublinha, sem hesitar, que ser dirigente associativo representa, em dois mandatos, um "desafio, uma experiência magnífica", pelo trabalho em colectivo, não obstante a dificuldade que teve, por vezes, em conciliar o cargo com os deveres de aluno.

    "O prémio é reconhecimento de algo que, muitas vezes, é esquecido: o facto de os dirigentes associativos abdicarem do seu tempo", sustentou.

    Na corrida a um terceiro mandato, Luís Palminha, 24 anos, apresenta-se como futuro candidato a presidente da Câmara Municipal de Beja.

    A estudar Arquitectura de Gestão Urbanística, o jovem quer gerir a terra onde nasceu como agora gere a Associação de Estudantes da Faculdade de Arquitectura, que encara como uma "empresa".

    Conferências internacionais, reestruturação de instalações ou cursos de formação profissional foram algumas das iniciativas já promovidas pelo grupo que lidera.

    O estudante admite, peremptório, que o cargo o ajudou a "crescer como cidadão, a ter conhecimento do dever cívico", apesar dos "medos" iniciais de "saber distribuir trabalho".

    O prémio, com que a reitoria da Universidade Técnica de Lisboa quis distinguir o "espírito de solidariedade" e o "sacrifício pessoal" dos dirigentes estudantis e o seu contributo para a "coesão" na instituição, nas palavras do reitor Fernando Ramôa Ribeiro, foi recebido com "supresa" por Luís Palminha, que, com o colega Bruno Barracosa, desfez "imimizades" antigas entre estudantes de engenharia e arquitectura ao desenvolver projectos comuns de reabilitação urbana.
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