Açoriano Oriental
Debate mensal no Parlamento
Sócrates acusa Mendes de andar "a reboque dos acontecimentos"
O primeiro-ministro, José Sócrates, acusa o líder do PSD de não ter uma agenda própria e de "andar a reboque dos acontecimentos", depois de Marques Mendes abordar os temas dos fundos comunitários e da segurança.

Autor: Lusa/AO online
     "O senhor deputado não foi capaz de impor uma agenda e uma ideia central com base na qual pudesse construir uma alternativa", acusou José Sócrates, no debate mensal na Assembleia da República.

    "Tem uma agenda 'surfing' e não uma agenda 'setting': tenta ir na onda dos acontecimentos e dos temas mediáticos. Há uma diferença entre quem lidera a agenda e quem vai a reboque dos acontecimentos", criticou o primeiro-ministro.

    "Quem define a agenda do PSD, é o PSD, quem define a minha agenda sou eu", ripostou o líder da oposição.

    No primeiro debate mensal com as regras do novo regimento, Mendes fez três intervenções consecutivas - intercaladas pelas respostas de José Sócrates - gastando a totalidade do tempo da sua bancada, nove minutos.

    O líder do PSD começou por introduzir no debate um tema que tem abordado por várias vezes, a aplicação por Portugal dos fundos do próximo quadro comunitário de apoio (QREN).

    "Estamos já em Setembro. Onde é que está o primeiro guichet para a recepção de candidaturas? Onde é que está o primeiro projecto aprovado? Onde é que está o primeiro euro aplicado?", questionou Marques Mendes.

    Recorrendo ao tema proposto pelo Governo para o debate, o Plano Tecnológico, Marques Mendes ironizou: "Em matérias de fundos, no fundo, o que temos é um novo site www.incompetencia.gov.pt".

    "O sr. tem uma notável oportunidade nas suas intervenções políticas. Vem outra vez com a aprovação do QREN, ontem mesmo foram aprovados 4 programas operacionais a Portugal, o que coloca Portugal na linha da frente das aprovações", respondeu José Sócrates.

    O presidente do PSD acusou ainda o Governo de propaganda, referindo-se à distribuição de computadores por parte de vários membros do executivo na abertura do ano lectivo.

    "Nas últimas semanas V. Exa., ministros e secretários de Estado distribuiram computadores nas escolas, pareciam uma agência de material informático. A verdade é que não têm software e programa para reformar a educação em Portugal", atacou Mendes.

    O líder social-democrata acusou ainda o Governo de estar a reduzir o défice através do aumento das receitas e dos impostos e não da despesa.

    "O défice baixa à custa do contribuinte pagador, dos impostos, da classe média, das Pequenas e Médias Empresas e de mais desemprego (...) Até pode pôr as finanças públicas em ordem, mas já não teremos nem economia nem empresas", criticou.

    Segurança foi o último tema trazido ao debate por Marques Mendes que acusou o Governo de passividade e negligência nesta matéria, críticas que mereceram uma resposta dura por parte do primeiro-ministro.

    "Houve crimes, tem de os imputar ao Governo, mesmo que tal signifique diminuir a imagem de Portugal como país seguro... Eu compreendo bem a sua situação, só acho que não é com mais demagogia, com mais radicalismo, com mais ataques pessoais que resolve o seu problema", afirmou José Sócrates, nuam referência à disputa interna da liderança que se vive no PSD.
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