Açoriano Oriental
Sócrates acusa juiz de "insinuação torpe e covarde" e "abuso de poder"
O ex-primeiro-ministro José Sócrates acusou hoje o juiz de instrução da Operação Marquês, Carlos Alexandre, ter feito uma "insinuação torpe e covarde" a seu respeito, ao afirmar à SIC que não tinha dinheiro em contas de amigos.

Autor: Lusa/AO Online

 

À TSF, na primeira entrevista após as declarações de Carlos Alexandre na SIC e do adiamento do prazo do inquérito da Operação Marquês por 180 dias, o antigo chefe do governo considerou que o juiz, ao afirmar que não tinha dinheiro em contas de amigos, pretendeu atingi-lo, fazendo um juízo quanto à sua culpabilidade no processo.

“Foi uma insinuação covarde e torpe que o sr. juiz fez a meu respeito”, argumentou, considerando que Carlos Alexandre pretendeu insinuar que o dinheiro da conta do seu amigo Carlos Santos Silva é seu.

Para Sócrates, trata-se de uma “insinuação gravíssima”, além de “absurda e estapafúrdia”, a ideia de que o dinheiro de Santos Silva é seu.

“Isso é falso e injusto. Se alguma coisa está provada no processo, é que essa acusação é falsa”, salientou.

José Sócrates sustentou que o juiz “faltou e falhou aos seus deveres” ao fazer uma insinuação que pretendeu fazer um juízo de culpabilidade”.

“Fê-lo sem haver acusação, sem haver julgamento, abusou do seu poder, ultrapassou todas as fronteiras”, argumentou, na entrevista que a TSF vai emitir às 10:00.

Na entrevista à SIC, Carlos Alexandre apresentou-se como um “saloio de Mação” que precisa de trabalhar para pagar as contas e não tem dinheiro em nome de amigos.

“Não tenho fortuna pessoal, nem herdada, não tenho amigos pródigos, os meus encargos só são sustentados com trabalho sério", disse o magistrado do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC).

A Operação Marquês conta com 18 arguidos, incluindo José Sócrates, que esteve preso preventivamente mais de nove meses, e que está indiciado por fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção passiva para ato ilícito.

José Sócrates, 59 anos, foi o primeiro ex-chefe do Governo a ser detido preventivamente em Portugal, indiciado por corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais.

Entre os arguidos no processo estão o ex-administrador da CGD e antigo ministro socialista Armando Vara e a sua filha Bárbara Vara, Carlos Santos Silva, empresário e amigo do ex-primeiro-ministro, Joaquim Barroca, empresário do grupo Lena, João Perna, antigo motorista do ex-líder do PS, Paulo Lalanda de Castro, do grupo Octapharma, Inês do Rosário, mulher de Carlos Santos Silva, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e os empresários Diogo Gaspar Ferreira e Rui Mão de Ferro e o empresário luso-angolano Helder Bataglia.

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