Açoriano Oriental
Seis meses depois o mistério continua
Seis meses depois, que se completam sábado, do desaparecimento de Madeleine McCann de um aldeamento turístico da Praia da Luz, no Algarve, mantém-se o mistério sobre o que terá acontecido à menina inglesa.
Seis meses depois o mistério continua

Autor: João Pedro Correia - Lusa / AO online
A Polícia Judiciária (PJ), que inicialmente admitiu o rapto, sustenta agora a tese de que a criança possa ter morrido, com base em vestígios biológicos encontrados três meses depois, recaindo suspeitas sobre os pais, Gerry e Kate McCann, ambos médicos.

A menina inglesa, de quatro anos, desapareceu a 03 de Maio, do quarto onde dormia com os seus dois irmãos gémeos, enquanto os pais jantavam com um grupo de amigos num restaurante próximo, no aldeamento turístico Ocean Club.

Horas após o seu desaparecimento, foram mobilizadas mais de 300 pessoas, entre populares, inspectores da PJ, Polícia Marítima, Cruz Vermelha, bombeiros, GNR e PSP, assim como um helicóptero da Protecção Civil, barcos e navios da Marinha para ajudarem às buscas.

A campanha para encontrar Madeleine desencadeada pelo casal McCann, que chegou a envolver o Papa Bento XVI, gerou uma onda de solidariedade, com uma mobilização nunca antes vista na história de crianças desaparecidas, fazendo as manchetes de jornais e aberturas de telejornais de todo o mundo.

Três dias depois, o director da PJ de Faro, Guilhermino Encarnação, anunciou que tinham sido reunidos elementos que "asseguram o rapto" e que na origem do crime poderiam estar "o resgate e/ou motivos sexuais".

Ao fim de vários dias a ouvir testemunhos e de diligências no terreno, a PJ constituiu arguido um cidadão inglês, de 33 anos, por suspeitar da sua implicação no caso, mas não encontrou provas para o deter.

Robert Murat, empresário no ramo imobiliário, chegou a servir de intérprete entre a família e as autoridades nos dias a seguir ao desaparecimento e reside numa casa a cerca de 100 metros do apartamento do complexo turístico Ocean Club, na Praia da Luz.

Ao fim de três meses de investigações, onde foram seguidas centenas de pistas que, segundo a Polícia, se "revelaram falsas", a PJ mudou o rumo da investigação, apontando a tese da morte da criança, com base em vestígios biológicos recolhidos no apartamento e no carro alugado pelo casal McCann, 25 dias depois do desaparecimento da sua filha.

Os novos indícios, recolhidos com a ajuda de dois cães da Polícia inglesa, "peritos" em detectar sangue e odor a cadáver, foram enviados para o laboratório forense britânico, em Birmingham, para serem analisados.

Em Setembro, ao receber os resultados das primeiras análises forenses, a Polícia Judiciária passou a centrar as suspeitas no casal McCann - por ocultação do cadáver -, apontando a morte como "a causa provável para o desaparecimento da menina".

Depois de terem sido sujeitos a várias horas de interrogatório no Departamento de Investigação Criminal (DIC) da PJ de Portimão, Gerry e Kate McCann, que sempre disseram "querer manter-se em Portugal até ao completo esclarecimento do caso", decidem voltar a casa, em Leicester (Inglaterra), a 09 de Setembro, alegando a sua inocência e acusando a Polícia portuguesa de "plantar provas para os incriminar".

O silêncio a que se remeteu a Polícia Judiciária após ter implicado o casal no desaparecimento da sua filha gerou um rol de críticas aos investigadores portugueses "sobre a consistência das provas".

Em Outubro, na sequência da troca de acusações, o até então titular do processo e coordenador da PJ de Portimão, Gonçalo Amaral, em declarações ao Diário de Notícias, criticou a Polícia britânica, por "andar a fazer o que o casal queria", tendo sido demitido e afastado do caso.

A equipa de investigação é agora liderada por Paulo Rebelo e inclui inspectores especialistas em homicídios e crimes sexuais.

Seis meses depois do desaparecimento de Madeleine McCann, a Polícia Judiciária assegura que continua à espera "da totalidade dos resultados das análises" efectuadas no laboratório forense de Birmingham.
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