O ano de 2025, que agora termina, foi de altos e baixos para o desporto açoriano, ficando marcado por várias despromoções e desistências, mas também por vários recordes máximos e títulos internacionais.
Entre os principais casos de sucesso, o maior destaque vai para a equipa de futebol profissional da Santa Clara Açores, Futebol SAD, que viveu uma época de sonho na I Liga.
De regresso ao principal escalão do futebol português, os “encarnados” de Ponta Delgada protagonizaram uma campanha verdadeiramente histórica, quebrando quase todas as suas marcas e fixando novos máximos.
Posicionando-se, em primeira instância como a “equipa sensação” do campeonato, os açorianos rapidamentese tornaram na principal afirmação da I Liga 2024/25, alcançando um extraordinário quinto lugar.
Pelo caminho, os pupilos de Vasco Matos atingiram um novo máximo de vitórias na competição (17) e estabeleceram um novo recorde de pontos (57), não só da história do emblema açoriano na prova, mas de qualquer equipa recém-promovida à I Liga, superando os 54 pontos somados pelo Famalicão em 2019/20.
Face ao quinto lugar assegurado, o Santa Clara não só “carimbou” o regresso às competições europeias (play-offs da Liga Conferência), mas também alcançou a sua melhor classificação de sempre na I Liga, superando o sexto lugar de Daniel Ramos, em 2020/21.
Na nova época desportiva (que se iniciou mais cedo, em julho), os açorianos ainda ultrapassaram os croatas do Varazdin e os norte-irlandeses do Larne, mas acabaram, tal como em 2020/21, eliminados no último play-off de qualificação, perante os irlandeses do Shamrock Rovers.
Ainda assim, o ano de 2025 não trouxe sucesso apenas à equipa sénior do Santa Clara, uma vez que a equipa de Sub-19 dos “encarnados” de Ponta Delgada também alcançou um apuramento histórico para o Campeonato nacional da I Divisão de juniores, tornando-se na primeira equipa micaelense a marcar presença na prova.
Com a despromoção do Operário, o Campeonato de Portugal deixou de ter, precisamente 30 anos depois, representação micaelense, contando, no entanto, com a participação de duas equipas da ilha Terceira, nomeadamente o Lusitânia (despromovido da Liga 3) e a Juventude Desportiva Lajense, que se sagrou, pela primeira vez na história, campeã dos Açores, garantindo, também pela primeira vez, a promoção à quarta divisão nacional.
Também o mais alto patamar do voleibol masculino passou a contar com o Clube K - que se sagrou campeão da II Divisão pela quarta vez -, mas deixou de contar com a Fonte do Bastardo, que apesar de ter assegurado a manutenção, acabou por encerrar o escalão sénior, por falta de apoios privados.
O mesmo cenário sucedeu-se no futsal, onde o Lusitânia, após uma época de estreia complicada na Liga, acabou por encerrar a secção, situação que foi “aproveitada” pelo Grupo Desportivo Casa do Povo do Livramento, que confirmou o regresso à II Divisão nacional, juntando-se a Barbarense.
Ainda no futsal, destaque para o ano de sonho vivido por Alexandra Melo. Depois de ter “inaugurado” a seleção nacional feminina de Sub-23, a jovem guarda-redes mariense sagrou-se vice-campeã mundial ao serviço de Portugal, embora não tenha sido inscrita, funcionando como a “15.ª jogadora” da seleção lusa.
Já os açorianos Fábio Costa, Ricardo Costa, Rúben Metade e Sandro Botelho ajudaram Portugal a conquistar o seu sexto Campeonato do Mundo Virtus, em futsal adaptado, e Joana Flores sagrou-se campeã europeia de futebol de praia feminino ao serviço da seleção nacional.
Ainda no ténis de mesa, destaque para a equipa feminina do Juncal, que conquistou o seu segundo título de campeã da I Divisão.
Campeões europeus e mundiais
As maiores conquistas desportivas do ano foram, novamente, em modalidades tradicionalmente individuais, com destaque para a natação, onde Sofia Fonseca foi a “estrela”.
Com apenas 13 anos, a nadadora do Clube de Atividade Física dos Bombeiros de Ponta Delgada (CAFBPD) brilhouno Campeonato Europeu Down Syndrome International Swimming Organisation ao conquistar seis medalhas (uma de ouro, duas de prata e três de bronze), fixando também vários recordes mundiais. Antes disso, em junho, a jovem nadadora açoriana conquistou cinco títulos nacionais, tal como André Pontes, do Clube Naval de Ponta Delgada, que arrecadou dois títulos na mesma competição de natação adaptada.
Também Carlos Pedrosa (CAFBPD) esteve em grande plano ao sagrar-se, em agosto, campeão mundial em Singapura, e, em dezembro, campeão europeu em duas categorias, na Polónia.
No karaté, Martim Melo, do Karaté Clube de Ponta Delgada (KCPD), sagrou-se campeão europeu em Kata (forma) Equipa, na República Checa, onde também venceu o bronze em Kumite (combate) júnior masculino. Meses depois, em Cádis, Espanha, o karateca micaelense conquistou duas medalhas (prata e bronze) nos Campeonatos Mundiais da modalidade. Melo “fechou” o ano de 2025 em Portimão, onde venceu mais duas medalhas (prata e bronze) para a seleção nacional, num ano onde a Associação Açoreana de Karate-Do e Disciplinas Associadas e a Associação de Karaté dos Açores voltaram a ser referência a nível nacional, promovendo vários campeões nacionais.
No judo, Nuno Carvalho, do Judo Clube de Ponta Delgada (JCPD), sagrou-se campeão da Europa de veteranos, em Riga, ao vencer o ouro na categoria dos -73 quilos (kg). Já Maria Vidinha, do Judo Clube de Lagoa, sagrou-se campeã nacional do escalão de Sub-23.
Ainda nas modalidades de combate, Rafaela Silva tornou-se na primeira açoriana a conquistar um título nacional de kickboxing de ringue. A atleta do Arrifes Kickboxing Clube (AKC) alcançou o título na disciplina de Low Kick.
Já Gonçalo Silva, também do AKC, conquistou, este ano, o cinturão da World Kickboxing Union (WKU) e o título de campeão nacional neoprofissional.
Tal como tem sido habitual, o Clube de Atividades Gímnicas de Ponta Delgada (CAGPD) esteve em destaque na ginástica aeróbica, conquistando 17 títulos nacionais no Campeonato de 1.ª Divisão e Elites e seis no Campeonato Nacional da Divisão Base.
Relativamente ao ténis de praia, Marta Magalhães viveu um dos seus melhores anos. Depois de se sagrar bicampeã nacional, em pares femininos, a atleta micaelense sagrou-se campeã europeia de pares mistos, fazendo dupla com o também açoriano Martim Sousa, e alcançou o seu melhor ranking na modalidade (23.ª mundial).
Atletismo de “ouro”
O ano de 2025 foi de “ouro” para o atletismo açoriano, com Natacha Candé e Lourenço Rodrigues a reforçarem o seu estatuto de esperanças olímpicas.
Depois de revalidar o título nacional no Pentatlo, no escalão de Sub-20, a jovem atleta da Juventude Ilha Verde (JIV) conquistou a medalha de ouro em salto em comprimento, nos “Nacionais” de Sub-20, e em salto em altura, na 110.ª edição do Campeonato de Portugal.
Já Lourenço Rodrigues, também do JIV, sagrou-se campeão nacional de Sub-23 nos 3000 metros obstáculos e fixou um novo recorde nacional na categoria, que lhe valeu uma medalha de bronze nos Campeonatos da Europa de Sub-23.
Anamar Jorge (JIV) também esteve em evidência ao conquistar dois títulos nacionais em triplo salto, no escalão de Sub-18, tal como Helena Rodrigues, nos 3000m marcha, e Celestino Pacheco, nos 5000m marcha.
Em termos coletivos, destaque-se a equipa feminina da JIV, que se sagrou vice-campeã nacional nos “Nacionais” de clubes e garantiu, por isso, a subida à II Divisão nacional.
No atletismo adaptado, Ana Filipe, da Associação Cristã da Mocidade, voltou a apresentar-se em grande nível no Campeonato do Mundo Virtus, conquistando dois títulos mundiais para Portugal, tal como a saltadora Tatiana Couto, do Clube Desportivo Santa Clara, campeã nacional e europeia (no escalão de Sub-17), no salto em comprimento.
O “regresso” dos motores
O ano de 2025 marcou o regresso “à normalidade” dos desportos motorizados na ilha de São Miguel.
Após um primeiro ensaio em São Jorge, o Grupo Desportivo Comercial promoveu, em junho, o I Rallye Ponta Delgada, e, em novembro, o 58º Azores Rallye, provas que integraram o calendário do Campeonato dos Açores de Ralis, com destaque para a vitória absoluta de Luís Miguel Rego e para o bicampeonato de Rafael Botelho nas 2 Rodas Motrizes.
Na sua época de estreia nos ralis, Pedro Câmara Jr. foi o grande campeão do FPAK Júnior Team Ralis 2025.
