Açoriano Oriental
Romeiro em caminhada de fé pela ilha de São Jorge

Cláudio Silva, residente em Cascais, partilha a sua experiência como romeiro na ilha de São Jorge, uma vivência que o levou a conhecer cada canto e recanto da ilha, a inspirar-se e a renovar-se para o resto do ano. Este ano foi a terceira vez que participou numa romaria

Romeiro em caminhada de fé pela ilha de São Jorge

Autor: Maurício de Jesus

Criado em 2021 na Vila do Topo, o Rancho de Romeiros de Nossa Senhora do Rosário, contou este ano com novos romeiros que participaram na romaria da ilha do dragão, onde a fé e a esperança caminharam lado a lado pelos caminhos e trilhos, numa jornada para renascer e renovar o espírito ilhéu.

Entre os participantes encontra-se Cláudio Silva que nasceu em 1976, reside em Cascais e é gestor de audiovisuais na Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Nova de Lisboa.

A sua primeira visita aos Açores foi em 1998, onde presenciou o sismo nas ilhas do Faial e de São Jorge. Veio frequentemente, durante vários anos, aos Açores. Certo dia, numa viagem a São Miguel, depois de um primeiro contacto e pesquisa sobre os ranchos de romeiros, ficou a promessa: “Tenho de fazer um dia”.

Após várias pesquisas e ao encontrar, na ilha Terceira, romarias que exigiam menos dias, conseguiu integrar uma Romaria Quaresmal. Foi precisamente em 2023 que tudo começou. Veio para o desconhecido, ciente de que tinha pela frente um grande desafio espiritual.

Seguiram-se momentos de muita introspeção nesta primeira romaria, assim como amizades fortes no Rancho de Romeiros do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, de Angra do Heroísmo. O padre Dinis Silveira foi uma das primeiras amizades que fez na ilha Terceira. Esta primeira romaria foi um reencontro consigo mesmo. Um verdadeiro “reset”.

Em 2024, voltou a fazer a romaria na ilha Terceira, que serviu para consolidar a sua fé. Em 2025 veio a São Jorge, a convite do padre Dinis Silveira. Esta romaria serviu para refletir sobre o caminho percorrido, arcar com as consequências – boas ou más – e fazer uma autoavaliação. São momentos de reencontro com Deus e de reconciliação.

Cláudio Silva, durante a Romaria que decorreu na ilha de São Jorge, admitiu o fascínio e espanto por este recanto do arquipélago dos Açores, levando consigo recordações que perdurarão por muitos anos.

Esta Romaria, que acontece anualmente na ilha de São Jorge, percorre a ilha de ponta a ponta, desde a freguesia do Topo (Nossa Senhora do Rosário) até à freguesia dos Rosais, terminando novamente na vila do Topo. Para além da fé e da esperança, transmite também a união e a camaradagem próprias da vida insular.

Foi esta vivência que levou este homem de princípios e valores a conhecer cada canto e recanto da ilha, a inspirar-se e a renovar-se para o resto do ano com os valores do sentimento e do ser ilhéu neste “cantinho do céu” - como muitos assim o apelidam - onde se recebe algo de valor incalculável: “A irmandade que se sente na Romaria é algo sem igual: a camaradagem, a união, a força que damos aos Irmãos, assim como a força que recebemos deles, é algo impossível de descrever. No final, tudo o que recebemos tem um valor incalculável e  dá-nos força para o restante da Quaresma e para o ano inteiro”.

Segundo este apaixonado pelo arquipélago dos Açores e, em particular, pela ilha de São Jorge - pelas suas gentes, devoção, paisagens verdejantes e o modo de ser do seu povo -, o pároco Dinis Silveira é uma figura central na vivência espiritual: "É o nosso guia espiritual, um homem com o dom da palavra, que nos leva a meditar sobre uma série de temas profundamente importantes para a nossa vida”.

O Rancho de Nossa Senhora do Rosário tem vindo a crescer desde 2021, contando atualmente com cerca de 40 mulheres no Rancho de Romeiras de Nossa Senhora do Rosário, e aproximadamente 30 homens no Rancho de Romeiros da mesma invocação. Juntos, semeiam fé e esperança de porta em porta, de freguesia em freguesia, numa jornada de grande fé e profundo renascimento pessoal para todos os participantes.

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