PS/Madeira reitera que não aceita novo Governo Regional antes de eleições antecipadas

O PS/Madeira reiterou que não aceita a formação de um novo Governo Regional antes da realização de eleições antecipadas e defendeu que, até lá, o atual executivo de coligação PSD/CDS-PP deve permanecer em gestão.



"Porque tem o PPD-PSD medo das eleições? Será que tem medo do povo madeirense? Será que tem medo de perder o poder e com isso possam vir a ser descobertos novos factos e novos podres da sua governação à frente da nossa região”, questionou o líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, no final da reunião da comissão política, que decorreu na sede do partido, no Funchal.

Os socialistas analisaram a crise política que assola a região autónoma na sequência da investigação de corrupção envolvendo os presidentes social-democratas do Governo Regional, Miguel Albuquerque, e da Câmara do Funchal, Pedro Calado, sendo que ambos já apresentaram a renúncia aos cargos.

Miguel Albuquerque foi constituído arguido e Pedro Calado foi detido, juntamente com líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e o principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, Custódio Correia.

“O PS/Madeira não aceita uma nova formação de um Governo [Regional] com este quadro parlamentar”, afirmou Paulo Cafôfo, referindo-se à possibilidade de os partidos que suportam o executivo (PSD e CDS-PP em coligação, com apoio parlamentar do PAN) avançarem nesse sentido.

O dirigente socialista considerou que essa não é a saída política para o “beco em que se colocou o PPD-PSD/Madeira”.

“O próximo Governo da região não pode ser escolhido por militantes do PPD-PSD, porque essa é única e exclusivamente uma escolha do povo”, disse, reforçando que “deve ser o povo a escolher o próximo Governo Regional.”

Paulo Cafôfo defendeu a marcação de eleições antecipadas “dentro do quadro constitucional e nos prazos previstos” e lembrou que o PS/Madeira apelou ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e ao representante da República para a região, Ireneu Barreto, para evitarem uma “situação de instabilidade crónica e de desconfiança permanente” no arquipélago.

“Haja ou não debate do Orçamento Regional [cuja discussão deverá acontecer entre 06 e 09 de fevereiro], o atual Governo deve ficar e permanecer em gestão até à realização de eleições antecipadas”, disse.

Pelo menos até 24 de março, o Presidente da República não pode decretar oficialmente a dissolução da Assembleia Legislativa Regional.

É o artigo 172.º da Constituição que determina que nenhuma Assembleia pode ser dissolvida "nos seis meses posteriores à sua eleição", o que na Madeira aconteceu com as eleições legislativas de 24 de setembro de 2023.

Paulo Cafôfo sublinhou que em causa estão “indícios de um pacto de corrupção e de favorecimentos que controlam os destinos da região e controlam os dinheiros dos contribuintes” e alertou para o facto de não ser ainda do conhecimento público se Miguel Albuquerque pediu o levantamento da sua imunidade, que detém por via do Conselho de Estado e do parlamento regional.

“O PSD está agarrado ao poder para perpetuar o regime e a promiscuidade que existe entre Governo, partido e interesses privados”, acusou, acrescentando que “o PS/Madeira é, neste quadro, o único partido capaz de devolver a confiança e a estabilidade e é disso que a Madeira precisa para poder avançar.”

A Polícia Judiciária (PJ) realizou em 24 de janeiro cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias na Madeira, nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito das quais Miguel Albuquerque foi constituído arguido e foram detidos Pedro Calado, Avelino Farinha e Custódio Correia.

Em causa estão suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência, segundo a PJ.

Entre os contratos alvo de investigação criminal, de acordo com os documentos judiciais estão a concessão de serviço público de transporte rodoviário de passageiros na ilha da Madeira, a concessão do Teleférico do Curral das Freiras, o projeto da Praia Formosa e o Funchal Jazz 2022-2023.


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João Dâmaso Moniz é diretor-geral da Escola Profissional da Ribeira Grande. Foi neste contexto que liderou a lista única, com várias escolas, candidata à Associação de Escolas Profissionais dos Açores, tendo sido eleito presidente da direção da AEPA no passado dia 12 de dezembro para os próximos três anos. Em entrevista ao Açoriano Oriental, João Dâmaso Moniz fala dos desafios que se colocam atualmente ao ensino profissional nos Açores.