Autor: Lusa / AO online
Carlos César, líder da bancada socialista, falava na sessão de abertura de uma conferência do PS - intitulada "Desigualdade, território e políticas públicas -, que decorre no Convento de São Francisco, em Coimbra, e que será esta tarde encerrada pelo secretário-geral socialista, António Costa.
Na sua intervenção, o presidente do PS referiu-se à possibilidade de o défice deste ano de Portugal ficar dentro da meta estabelecida pelo Governo com a Comissão Europeia.
Perante este cenário, segundo Carlos César, "PSD e CDS chegam agora a afirmar, criticando os cuidados orçamentais do Governo, que há vida para além do défice".
"Eles [PSD e CDS] que tudo sacrificaram à aritmética orçamental, argumentando em todos os últimos quatro anos que a credibilidade externa do país estava suspensa da sua política de austeridade e de contração nas finanças públicas, lesando dolorosamente cidadãos, famílias e empresas - milhares de famílias que perderam empregos e casas, milhares de empresas que perderam mercado ou faliram", declarou.
Num discurso em que acusou as forças do anterior Governo de "menosprezarem" a agenda de políticas sociais, Carlos César afirmou também que PSD e CDS "prometeram [em 2015] um défice abaixo dos três por cento - e não cumpriram, arriscando o país à imposição de sanções".
"Eles [PSD e CDS] que nos criticam agora por podermos ter 2,6 ou mesmo abaixo de 2,5 por cento de défice, ou seja, abaixo dos limites impostos pela Comissão Europeia", apontou.
O líder parlamentar do PS respondeu também às críticas de PSD e CDS sobre o baixo crescimento económico registado pelo país nos últimos trimestres.
"Criticam-nos por a economia estar a crescer a um valor inferior ao do conjunto de 2015, esquecendo-se que foi justamente nos dois últimos trimestres do ano passado, com o Governo PSD/CDS, que ocorreu uma diminuição acentuada e progressiva do crescimento - trajetória que justamente agora está a ser lentamente revertida, melhorando os seus indicadores", defendeu o presidente do Grupo Parlamentar do PS.
Como prioridade imediata do Governo socialista, Carlos César advogou a necessidade de uma "mobilização de todos os esforços para que a confiança em Portugal se traduza em mais investimento, mais crescimento, mais riqueza e mais emprego".
"Não alcançámos ainda o ritmo desejado, é certo, muito também pelas incapacidades geradas no passado, pela crise económica, pela descapitalização das empresas nos últimos anos, pela crise das finanças públicas e do aumento da dívida, e pela crise bancária que o Governo anterior encobriu e negligenciou", alegou ainda Carlos César.
No seu discurso, o líder da bancada socialista atribuiu igualmente a sociais-democratas e democratas-cristãos uma posição contrária à adoção de políticas sociais, como fator corretor de desigualdades, e rejeitou a possibilidade de a carga fiscal subir no próximo ano.
"Acusam-nos de desbaratar recursos e de preparar a aquisição de novas receitas por via fiscal. Aliás, dizem-no, sabendo que não só a carga fiscal não subiu como descerá no próximo ano de 2017. É bom termos a memória refrescada quanto a esses e outros aspetos, porque, na verdade, é verdadeiramente surpreendente o percurso errático da agora oposição ao governo do PS", acrescentou.