Autor: Lusa/AO Online
“Viemos de Paris muito satisfeitos, com sentimento de dever cumprido, em que os atletas, todos eles, tiveram um desempenho notável e em que o nosso objetivo foi concretizado. Foi uma missão mais pequena, mas ainda assim conseguimos o melhor resultado desde Pequim, sete medalhas, duas delas de ouro”, começou por realçar José Manuel Lourenço.
O presidente do Comité Paralímpico de Portugal defendeu que este é o momento de começar a pensar em Los Angeles2028, revelando que o organismo foi hoje contactado pelo secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, para agendar uma reunião de trabalho para “delinear as condições” para os próximos Jogos Olímpicos.
“E por isso, penso que também é um bom sinal, é algo que nos satisfaz muito perceber que já estamos a trabalhar para Los Angeles. […] Importa agora que consigamos todos trabalhar para que em Los Angeles possamos ter mais atletas. Sei que é uma tarefa difícil, porque os atletas não nascem de um momento para o outro, existe uma grande dificuldade no recrutamento de novos atletas, e eu diria que também estes eventos podem potenciar o aparecimento de novos atletas”, estimou.
José Manuel Lourenço acredita mesmo que momentos como a receção do primeiro-ministro, Luís Montenegro, aos atletas paralímpicos e olímpicos de Paris2024, nos jardins da Residência Oficial, pode atrair “mais pessoas com deficiência para a prática desportiva”.
Já o secretário-geral do COP quis agradecer “a presença significativa do Governo durante os Jogos Olímpicos”. “É algo que apreciámos muito. Para nós, é importante que o Governo de Portugal sinta diretamente o empenho, o esforço da equipa olímpica”, completou.
José Manuel Araújo destacou que a Missão olímpica portuguesa a Paris2024 foi a primeira paritária e teve 50% de atletas estreantes, um sinal de que estão a ser dados passos certos para que “esta dimensão desportiva tenha futuro”.
“E por isso mesmo, para olhar para o futuro, o Sr. Primeiro-Ministro esteve em Paris, acompanhei muito a sua presença e ouvi muito atentamente - todos nós ouvimos atentamente -, e naturalmente que o reforço das políticas públicas na área do desporto é obviamente uma expectativa que todos temos como positiva, um reforço obviamente que tem uma dimensão política, mas também há de ter uma dimensão financeira”, vincou.
O secretário-geral do COP, que evocou José Manuel Constantino, o presidente do organismo que faleceu exatamente há um mês, lembrou que o reforço financeiro para os atletas “não é verdadeiramente um objetivo de terem eles mais para eles, é poderem dar mais”.
“Se temos a felicidade de ter tido, nestes últimos ciclos olímpicos, uma consistência nos resultados, olhamos para a frente com o objetivo de elevar o patamar. E para elevar o patamar é preciso também ter, da parte do Governo, o sinal que todos esperamos”, concluiu.
Os dois dirigentes discursaram ainda antes de Luís Montenegro ter manifestado a intenção de “fazer crescer acima de 20%” o valor alocado aos contratos-programas para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Los Angeles2028.
Portugal esteve representado por 73 atletas nos Jogos Olímpicos Paris2024, tendo conquistado quatro medalhas: o ouro no madison de Rui Oliveira e Iúri Leitão, que também se sagrou vice-campeão no omnium, a prata de Pedro Pichardo no triplo salto e o bronze de Patrícia Sampaio nos -78 kg.
Nos Jogos Paralímpicos, a missão portuguesa de 27 atletas saiu de Paris com sete medalhas: duas de ouro, de Miguel Monteiro, no lançamento do peso F40, e de Cristina Gonçalves, boccia BC2, uma de prata, do atleta Sandro Baessa, nos 1500 metros T20, e quatro de bronze, da atleta Carolina Duarte, nos 400 metros T13, do nadador Diogo Cancela, nos 200 metros estilos SM8, do judoca Djibrilo Iafa (-73kg J1) e ainda do ciclista Luís Costa (no contrarrelógio H5), que teve um controlo positivo na capital francesa e se encontra suspenso preventivamente.