Açoriano Oriental
Incêndios
Portugal prestes a atingir "modelo adequado"
O secretário de Estado da Protecção Civil, José Miguel Medeiros, disse que Portugal está prestes a atingir "o modelo adequado" para satisfazer as necessidades do combate aos incêndios florestais.

Autor: Célia Paulo, Lusa/AOonline
"Estamos cada vez mais a chegar a um modelo próximo daquele que será o modelo adequado às características do nosso país, com uma posição geográfica propensa para os incêndios florestais", disse José Miguel Medeiros, em entrevista à agência Lusa.

    O secretário de Estado adiantou que o modelo ainda não está "afinado", um vez que a nova organização tem apenas dois anos e está a assistir-se a alterações climáticas e a um conjunto de fenómenos relativamente novos "que podem vir a determinar o ajustamento de procedimentos".

    No entanto, José Miguel Medeiros salientou que o modelo a que se chegou "já está próximo das necessidades do país" e a comprová-lo estão os resultados que se têm vindo a obter na redução do número de incêndios e de área ardida, diminuição que se tem registado desde 2007.

    "No ano passado tivemos o melhor ano de sempre e este ano ainda melhorámos mais", disse.

    Segundo a Autoridade Florestal Nacional, a área ardida em Portugal entre 01 de Janeiro e 31 de Setembro diminuiu cerca de um terço relativamente a igual período do ano passado.

    O secretário de Estado desvalorizou a relação da diminuição dos incêndios com as condições meteorológicas, considerando que "há uma conjugação do conhecimento científico e técnico, uma melhor organização, clarificação definida dos agentes e o comando único".

    Alterações que estão a ser aplicadas desde 2006, mas que no Verão deste ano, de acordo com o governante, ocorreram "afinações relativamente ao ano anterior que melhoraram o desempenho do dispositivo".

    "Estes resultados não foram milagre. Houve uma conjugação de esforços. Acho que é uma grande injustiça dizer-se que este ano e no ano passado houve muita sorte porque choveu muito", salientou, adiantando que são descidas, quer de ocorrências, quer da aérea ardida, "que não são sobretudo explicáveis pela meteorologia".

    "É preciso sermos mais sérios e rigorosos e atribuir o mérito aos milhares de homens e mulheres que integram o dispositivo e com disponibilidade total combatem com organização e disciplina".

    Segundo o secretário de Estado, na fase "Charlie" - período mais crítico em incêndios de 01 de Julho a 30 de Setembro - registou-se uma média de 79 ocorrências por dia.

    Para o governante, o reduzido número de fogos esteve sobretudo relacionado com "a boa primeira intervenção", que tem sido "rápida e eficaz".

    "Quando se detectava um incêndio, ao fim de dois minutos estavam despachados os meios para a ocorrência. Conseguimos também chegar, em média, a todas as frentes de fogo em 11 minutos", disse.

    Frisou que uma "boa primeira intervenção reduz as probabilidades do alastramento do fogo e consequentemente dos grandes incêndios".

    De acordo com José Miguel Medeiros, este ano registaram-se 11 grandes incêndios (com mais de 100 hectares), enquanto no ano passado ultrapassaram as duas dezenas.

    Os bons resultados estiveram também relacionados, na opinião do secretário de Estado, com a maior atenção dada à fase de rescaldo e ao aparecimento no terreno, este ano pela primeira vez, do Grupo de Análise do Uso do Fogo (GAUF), técnicos especialistas que chegam quando o fogo atinge determinadas proporções e ajudam o comando a tomar decisões.

    José Miguel Medeiros disse igualmente que "até 2005 os incêndios florestais eram o principal problema de segurança interna do país e eram também o principal problema da protecção e socorro", tendo sido necessário "arrumar a casa", uma vez que "tudo assentava nos bombeiros".

    Após ter sido "arrumado" o "pilar da prevenção e da vigilância", que é efectuado em todo o país pela GNR, "os bombeiros puderam finalmente dedicar-se à sua principal actividade que é o combate e rescaldo dos incêndios", afirmou.

    José Miguel Medeiros referiu que "hoje os bombeiros estão mais organizados, têm equipamentos, comunicações mais modernizados, há um postos de comando e áreas delimitadas".

    "Hoje temos uma casa devidamente arrumada. Claro que na vertente estrutural ainda vamos demorar uns anos até que a floresta esteja toda reestruturada. Não se mudam tendências de 30 ou 40 anos em dois ou três anos", salientou.

    Todo o investimento que tem sido feito desde 2006 na área da protecção e do socorro tem tido "custo", que, segundo o secretário de Estado, ascende "a muitas dezenas de milhares de euros". Só o orçamento da Autoridade Nacional de Protecção Civil é de 100 milhões de euros anuais.
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