Açoriano Oriental
Saúde pública
Portugal estuda mosquitos para prevenir doenças
Portugal vai ter a partir do próximo ano um programa de vigilância dos mosquitos em todo o território nacional, com o objectivo de analisar os vírus que podem ser transmitidos ao homem, anunciaram à Lusa responsáveis da iniciativa.
Portugal estuda mosquitos para prevenir doenças

Autor: Lusa / AO online
As administrações regionais de saúde serão as responsáveis pela colheita dos mosquitos, que depois serão analisados pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA).

"Vamos dar formação a profissionais das administrações regionais de saúde, nomeadamente para ensinar a fazer as colheitas dos mosquitos, e serão fornecidas armadilhas, equipamentos próprios para capturar mosquitos", explicou em entrevista à agência Lusa Sofia Núncio, do INSA.

O programa, que funcionará pelo menos durante um ano com a colaboração da Direcção-Geral da Saúde, visa procurar os vírus que "têm impacto na saúde humana".

As doenças transmitidas por vírus, nomeadamente mosquitos, começam a merecer uma atenção especial por parte de investigadores e autoridades europeias, perante a possibilidade de reaparecimento na Europa de doenças como a malária e o dengue.

A malária tem uma incidência anual de cerca de 120 milhões de casos clínicos e a cada 30 segundos uma criança morre da doença, sobretudo em África, segundo a Organização Mundial de Saúde.

    Na Região Autónoma da Madeira houve há dois anos o ressurgimento de um mosquito que transmite a febre amarela e o dengue, mas não há até ao momento casos clínicos de infecções, segundo explicou outra investigadora do INSA, Maria João Alves.

Recentemente, em Itália reapareceu um mosquito (aedes albopictus), que foi também detectado na Catalunha.

    Este mosquito é um bom vector também para o dengue e para a febre amarela.

Algumas destas doenças vão ser analisadas em Lisboa por cerca de 250 peritos internacionais durante o Congresso Europeu de Doenças Emergentes, que decorre entre domingo e quarta-feira.

    As doenças emergentes são patologias que têm origem infecciosa e cuja incidência em humanos aumentou nas últimas décadas ou ameaça aumentar.

Gripe das aves, dengue, malária, doença de Lyme ou Creutzfeldt-Jakob são alguns dos eventos de doenças consideradas emergentes.

O crescimento demográfico, as alterações climáticas, a imigração e a resistência aos antibióticos são factores referidos pelas investigadoras do INSA como potenciadores destas doenças.

Além dos mosquitos, também os roedores ou as pulgas e carraças podem transmitir doenças ao homem.

Portugal é um dos países mediterrânicos com maior número de casos de febre da carraça, nomeadamente porque a espécie de carraça que é vector da doença é a mais prevalente no país.

Segundo Sofia Núncio, há mais de cem caos de febre da carraça anualmente em Portugal, mas a especialista considera que há uma sub-notificação significativa da doença.

Portugal, através do INSA, tem um Centro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas que se dedica à investigação dos vectores que causam problemas de saúde pública.
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