Autor: Paula Gouveia
Há alterações a ter em conta e é com o objectivo de as divulgar junto da população em geral que Graça Castanho, docente de Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa, está a dinamizar com os alunos do Mestrado em Educação Pré-Escolar e do Ensino do Primeiro Ciclo o projecto "Acordar para o Acordo Ortográfico".
Hoje, vão estar na Matriz de Ponta Delgada a distribuir panfletos informativos sobre o Acordo Ortográfico, elaborados pelos próprios alunos.
É através deste material de apoio que ficamos a saber que o alfabeto português que era formado por 23 letras, vai comportar 26, ao incluir o K, W e Y. Os meses do ano, as estações do ano e os pontos cardeais que se escreviam com maiúsculas, passam a escrever-se com minúsculas. E algumas consoantes mudas deixam de estar grafadas - por exemplo acto passa ato, óptimo a ótimo, actividade a atividade, ou peremptório passa a perentório.
Há ainda outras alterações previstas: os verbos com duas vogais juntas que eram acentuados deixam de o ser - vêem passa por exemplo a veem; palavras com hífen deixam de ter (por exemplo, contra-senso passa a contrassenso) e formas do verbo haver que eram conjugadas com recurso a hífen, deixam de o ser - hei-de, passa a hei de, por exemplo.
Deixam também de ser acentuadas palavras iguais ou parecidas na escrita, mas com pronúncia diferente, por exemplo, "pára" (verbo parar) deixa de ser acentuado escrevendo-se da mesma forma que a preposição "para".
Todas estas alterações com o objectivo de globalizar a Língua Portuguesa e unificar a escrita nos países que assinaram o Acordo - Brasil (2004), Cabo Verde (2005), São Tomé e Príncipe (2006), Portugal (2008) e Timor-Leste (2009).
O projecto, explica Graça Castanho, prevê ainda outras actividades. No dia 17, haverá nova sessão de sensibilização e distribuição de panfletos numa grande superfície e, no dia 23 de Outubro, vão desenvolver uma oficina de trabalho, na Escola Secundária das Laranjeiras, dirigida a encarregados de educação, professores do primeiro ciclo de Ponta Delgada, bem como com crianças do 3º e 4º anos de escolaridade, para apresentar um powerpoint com as novas regras e propor fichas de trabalho, bem como jogos para consolidação das novas regras.
Material que vai dar origem a um site, alojado na página da internet da Universidade dos Açores, sobre o novo Acordo Ortográfico.
Para Graça Castanho, "é urgente desdramatizar as questões do acordo. Há diferenças, mas as pessoas não precisam de entrar em pânico, até porque há regras que só vêm simplificar".
Como sublinha a docente, "seria muito mau se nós portugueses não acompanhássemos todo este processo evolutivo que está a acontecer com a Língua Portuguesa", pois na sua opinião, é fabuloso que os países que falam o português tenham chegado a acordo sobre a Língua.
Graça Castanho afirma que "será preciso um período de habituação - o Governo português vai dar seis anos para que o Acordo seja implementado. E mesmo assim depois dos seis anos estamos em crer que ainda será necessário mais um prolongamento para que todas as instâncias se adaptem às novas regras", sustenta.
Isso mesmo testemunham as alunas Cristina Almeida, Rita Pereira e Nemésia Furtado. "É sempre difícil enfrentar algo novo", diz Cristina, "é sempre preciso um período de adaptação", acrescenta Nemésia, mas apesar da resistência inicial, sublinha Rita, "após o estudo das regras tudo é mais fácil".