Açoriano Oriental
PCTP/MRPP elege pleno emprego como prioridade
Contra o modo de produção capitalista e a favor dos trabalhadores e do pleno emprego, é a principal mensagem que Pedro Leite Pacheco do PCTP/MRPP quer passar nestas Legislativas 2009, numa campanha com grande coração mas sem grandes recursos
PCTP/MRPP elege pleno emprego como prioridade

Autor: Paulo Simões / Pedro Lagarto
Que razões levam a candidatar-se à Assembleia da República?

Bem, a Assembleia da República é o grande fórum de estudo e de debate das questões nacionais. Porque não lá?


Está satisfeito com  o desempenho da Assembleia da República?

Muito insatisfeito. A evidência está aí.


Os resultados do PCTP/MRPP não tem sido os melhores...

Vamos ver com decorrem a scoisas. O próprio camarada Garcia Pereira tem um lugar semanal na televisão portuguesa para divulgar as suas ideias.


Que assuntos merecem ser debatidos e que matérias devem ser implementadas?

Temos hoje três grandes questões na sociedade portuguesa: a primeira é o pleno emprego que, aliás, uma situação que já tivemos. Devo dizer-lhe que no que respeita ao emprego assiste-se a um ataque sem precedentes em Portugal e a continuar a política que tem vindo a ser adoptada não vai melhorar.
Quanto à nossa Democracia, está cerceada e em cada vez mais frentes.
Por fim, a degradação das condições de vida em Portugal, sim, porque têm vindo a piorar a olhos vistos.


A crise...

Sim, e esse propósito, se me permite, devo referir que a crise é antes de mais a falência de um  modo de produção, do capitalismo. Repare: em que se baseia toda a estratégia de actividade política do PS e do PSD, o chamado “Bloco Central”? São exactamente iguais! Aos olhos deles as forças vivas da nação são meia dúzia de empresários, particularmente com as bolsas muito recheadas. Se se internacionalizarem tanto melhor.


Então qual o modelo alternativo que defende o PCTP/MRPP?

O que está a desenhar - se  em todo o mundo, até por que só há um: o Socialismo!


O Socialismo que tem vindo a ser praticado pelo PS?

Não, já vimos que PS e PSD não se distinguem.


Voltar a Marx?

Bem, o capitalismo vive hoje por causa de Marx, que é  o alicerce de todas as economias contemporâneas.
O que se passa é que as pessoas perderam o tino e assistimos a uma onda de reposição das metodologias e das ideologias burguesas. Nunca ouviu falar da “visita da saúde”? Nas vésperas da morte parece que as pessoas vão melhorar. Depois morrem. É o que está a acontecer com o sistema capitalista.


Disse há pouco que a Democracia está cerceada em Portugal. Acredita mesmo nisso?

Não tenho dúvidas, aliás, eu sou professor, tenho a experiência pessoal daquilo que são as tentativas das administrações nacional e regional para asfixiar mesmo as questões estritamente profissionais.
Repare, José Sócrates nunca trabalha fora de um contexto internacional, ele é uma correia de transmissão de interesses, uma correia menor.
Portanto, a educação é também uma questão central para o PCTP/MRPP.


A 27 de Setembro, dia das eleições, o que será um bom resultado eleitoral para o PCTP/MRPP?

O Dr. Garcia Pereira ser eleito para o parlamento nacional. Isto era uma questão de grande relevância nacional e regional. Teria um impacto enorme.


Um homem pode fazer a diferença?

Exactamente. Não tenha dúvidas disso! É de novo a questão da quantidade e da qualidade.
O nosso discurso corresponde  às expectativas e necessidades actuais.


Então o que tem  falhado na  estratégia de comunicação do PCTP/MRPP?

Olhe, desde logo a comunicação social. Eu fui candidato há quatro anos e nenhum orgão de comunicação social deu a notícia.
Outro obstáculo é a intimidação pessoal de todos aqueles que poderiam ter a veleidade de fazer parte da nossa lista.


A intimidação?

É hoje um facto insofismável. As pessoas tem medo. Estas eleições podem ter imediatamente consequências.


Olhando para um cenário provável de maioria relativa do PS ou do PSD a 27 de Setembto, o que pensa da possibilidade de coligações?

Se as circunstâncias assim o determinarem eles (PS e PSD) vão ter que se entender. Mas, insisto, o melhor para o país seria eleger o Dr. Garcia Pereira. O melhor para o país seria cada qual pensar com a sua cabeça, as pessoas elevarem o seu nível de consciência do envolvimento que tem que ter com a vida nacional, regional e local.
Que importância tem ter dois governos,na  República e na Região, da mesma cor?
Nenhuma. Aliás, tem-se visto. Querem agarrar tudo. Numa situação de naufrágio até uma tábua serve.


Permita-me a provocação: sente algum tipo de inveja política do sucesso dos bloquistas?

Não. Têm o que lhes é devido.


O PCTP/MRPP perdeu uma oportunidade histórica ao não  integrar a plataforma Bloco de Esquerda?

Não. Perdeu foi a oportunidade histórica de poder aceder à Constituinte,em 1975. Esse sim, foi um momento fulcral.
Na altura era um desastre para a burguesia portuguesa e internacional se uma cabeça esclarecida como o Dr. Arnaldo Matos fosse para o Parlamento.


A história não lhe tratou devidamente?

A sua memória tem sido manifestamente esquecida.
A meu ver é a figura política mais interessante do século XX português.


Mais do que Álvaro Cunhal?

Muito mais! Sem menosprezar a pessoa e o papel de combate político desempemhado por de Álvaro Cunhal, em termos científicos o Dr. Arnaldo Matos não conheceu paralelo.


Nos últimos actos eleitorais a abstenção foi uma tónica dominante, de modo mais acentuado nos Açores. O que pode ser feito? E está preocupado?

Porque haveria de estar preocupado? A abstenção não é para se estar preocupado, mas é um fenómeno que tem que ser interpretado.
É o distanciamento face à política - as pessoas viraram as costas aquilo a que se chama a “burla eleitoral”- mas também revelam incapacidade de irem mais longe, de apresentarem alternativas. 
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