Açoriano Oriental
Oposição parlamentar duvida que núcleos de saúde familiar abranjam todos os açorianos
Os partidos da oposição manifestaram hoje muitas reservas sobre os objetivos anunciados pelo Governo Regional de atribuir médicos de família a "todos os açorianos", através dos núcleos de saúde familiar
Oposição parlamentar duvida que núcleos de saúde familiar abranjam todos os açorianos

Autor: LUSA/AO online

Num debate ocorrido na Assembleia Legislativa dos Açores, na sequência de uma sessão de perguntas do Bloco de Esquerda ao executivo sobre o funcionamento do Serviço Regional de Saúde (SRS), a maioria dos partidos da oposição levantou dúvidas sobre o sucesso da iniciativa.

"Esses núcleos de saúde familiar vão ser entregues a apenas 1.500 cidadãos, [mas] não acrescentam nada, em termos de cobertura, aos cerca de 67 mil açorianos que não têm médico de família", lembrou Luís Maurício, do PSD.

Também Zuraida Soares, do Bloco de Esquerda, não compreende como é que o Governo socialista pretende aumentar o número de consultas e de médicos de família, sem criar uma estrutura autónoma e diferente da atual.

"O que são os núcleos de saúde familiar? Se não têm autonomia nenhuma, se não têm nada de diferente das outras organizações ao nível da saúde, que outro tipo de oferta vão prestar?", questionou a deputada bloquista.

O secretário regional de Saúde, Luís Cabral, reafirmou, no entanto, no parlamento, que estes núcleos de saúde familiar vão permitir aumentar o número de consultas e diminuir o número de utentes sem médico de família.

"É previsível que consigamos, a partir de novembro, aumentar, num ano, o número de consultas na unidade de saúde da ilha de São Miguel [a maior dos Açores] em 65 mil. Essas 65 mil consultas adicionais serão distribuídas pelos núcleos de saúde familiar que ainda não têm médico atribuído", explicou o governante.

No seu entender, esta solução irá permitir que, "até ao final de 2016", todos os núcleos familiares tenham um médico atribuído e que "todos os açorianos tenham médico de família".

Mas Aníbal Pires, do PCP, considerou que estes núcleos não permitem que cada família seja acompanhada pelo mesmo médico de família.

"Esta coisa de, por vezes, me aparecer um outro médico de família... a mim não me aparece que eu não tenho médico de família e por acaso sou doente crónico e acho que deveria ter direito a médico de família, mas nem isso", desabafou o parlamentar comunista.

Já Artur Lima, do CDS, entende que a Região devia ter adotado a mesma solução que foi criada no continente pelo Governo de coligação PSD/CDS, ou seja, unidades de saúde familiar.

"O que o incomoda é que nas unidades de saúde familiar no continente, os médicos, os enfermeiros e os administrativos ganham efetivamente mais, mas a despesa não aumentou, antes pelo contrário, ela diminuiu", recordou o deputado centrista.

Os núcleos de saúde familiar acabaram por estar no centro do debate na Assembleia Regional, embora os deputados tenham passado grande parte da discussão a apresentar questões sobre casos particulares de utentes mal atendidos pelo Serviço Regional de Saúde.

"Não tentem confundir a árvore com a floresta", apelou o líder da bancada do PS, Berto Messias, dirigindo-se aos partidos da oposição e acrescentando que "não parece justo querer chamar a atenção para casos pontuais que tenham corrido menos bem, para generalizar essas ocorrências a todo o Serviço Regional de Saúde".

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