Autor: Lusa/AO online
O POPA, coordenado pelo Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores e pelo Instituto do Mar (IMAR), foi criado em 1998 com o objetivo de possibilitar a certificação 'dolphin-safe' (amigo dos golfinhos) nas conservas de atum produzidas pelas fábricas da região. Miguel Machete, um dos responsáveis pela coordenação deste programa, disse à Lusa que atualmente o POPA é mais do que a simples observação das pescas a bordo dos atuneiros, permitindo também a recolha de dados importantes sobre as pescarias nas ilhas dos Açores. “Procuramos fazer uma recolha exaustiva de informação, quer sobre a pescaria propriamente dita, quer sobre as espécies a que a elas estão associadas, como cetáceos e tartarugas marinhas, entre outras”, afirmou o investigador do DOP, sublinhando que essa informação é depois utilizada por investigadores, unidades fabris e administração regional. A presença de observadores a bordo das embarcações e os dados sobre as pescarias que são recolhidos ajudam também a sensibilizar os pescadores açorianos para a necessidade de preservarem melhor os recursos piscatórios. “Eu penso que os pescadores estão cada vez mais conscientes do nível de exploração e do declínio de determinadas espécies, porque sentem diretamente que as capturas são menores”, frisou. Este ano concorreram ao POPA 192 pessoas, um recorde de candidaturas que, segundo Miguel Machete, pode estar relacionado com a maior divulgação do programa na Internet, mas também com a atual conjuntura de crise. “Não fizemos nenhum estudo para saber as razões deste aumento”, afirmou o investigador, admitindo que este número “histórico” de candidaturas possa resultar do aumento do desemprego no país. Entre os 192 concorrentes iniciais foram selecionados 48 para serem entrevistados pelo coordenador do programa, dos quais foram escolhidos os oito que formam a equipa definitiva. A maioria deles está neste programa pela primeira vez, mas isso não significa que não estejam preparados para enfrentar a vida a bordo de uma embarcação de pesca em alto mar. É o caso de Sérgio, natural do Faial, que já esteve embarcado na Marinha Portuguesa e assegurou estar habituado à vida no mar, apesar de admitir que um barco de pesca será um “desafio diferente”. Optimista está também Susana, de Tomar, que já trabalhou nos Açores numa empresa de observação de cetáceos e está preparada para enfrentar o novo projeto, mesmo sabendo que poderá ser a única mulher a bordo de um atuneiro. O grupo de observadores está a receber formação no DOP, na Horta, e estará pronto para embarcar na próxima semana.