Açoriano Oriental
Editorial
O Censor

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O Censor

Autor: Paulo Simões

Se Gustavo Tato Borges, coordenador regional de saúde pública do governo dos Açores, passasse mais tempo em São Miguel e andasse mais por Ponta Delgada, constataria que o que a reportagem do Açoriano Oriental descreve é, apenas e só, a realidade.

A reportagem, publicada no passado dia 26, não critica as medidas do governo, mas faz o que uma boa reportagem deve fazer – dá voz ao povo, algo com o qual o coordenador regional de saúde pública parece dar-se mal, talvez preferindo uma comunicação social simpática e ao seu serviço. Desengane-se caro Tato Borges, o Açoriano Oriental não está e nunca estará ao seu serviço nem de quem o tutela. Há 186 anos que este jornal serve os açorianos e as suas causas, serve o jornalismo, serve a pluralidade de opiniões e ideias e luta pela liberdade de imprensa, algo que parece incomodar o senhor Coordenador regional.

Invocar uma reportagem do AO para punir o jornalismo feito nos Açores, para além de soar a Censura, leva a outras considerações: a desastrosa comunicação que este governo tem tido e, em particular, na área da saúde de que o caos na vacinação no passado fim de semana é apenas o exemplo maior. Gustavo Tato Borges desrespeita não apenas o Açoriano Oriental, desrespeita os jornalistas e a comunicação social açoriana que mais não faz do que o seu trabalho.

Caro Gustavo Tato, levante o rabo da cadeira, caminhe por São Miguel, inteire-se da realidade no terreno e, já agora, venha até cá para responder às perguntas que os jornalistas da maior ilha açoriana e foco principal da pandemia na Região têm para lhe colocar.

Reafirmo aquilo que a jornalista Carolina Moreira escreveu na edição do dia 26: "Ponta Delgada transformou-se numa cidade fantasma". Não é uma crítica, caro Gustavo Tato, é uma realidade. Crítica é dizer-lhe, olhos nos olhos, que se torna difícil compreender algumas das suas decisões, que até podem ter suporte científico, e terão, certamente, mas carecem de explicação e, porventura, de adequação à realidade. Não basta estudar xadrez para ser Mestre, há que praticar, jogar e decidir no tabuleiro onde decorre a ação. Os livros são apenas uma referência, um bom gestor é aquele que sabe adaptar-se à realidade do momento e agir em conformidade.

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