Autor: Lusa/AO Online
O primeiro-ministro, Michel Barnier, prometeu um governo "republicano, progressista e europeu", perante os seus 39 ministros reunidos para um primeiro "pequeno-almoço governamental", com a duração de mais de duas horas em Matignon, a mansão privada que alberga os serviços do chefe do executivo.
Um primeiro Conselho de Ministros teve a presença do Presidente francês, Emmanuel Macron.
O ex-comissário europeu e antigo negociador-chefe do ‘Brexit’ (processo da saída do Reino Unido da União Europeia) pediu aos seus ministros, maioritariamente da direita e do movimento liberal de Macron, que tivessem respeito por “todos os partidos políticos”, quando a sua equipa já está a sofrer críticas.
Preocupados com a presença no executivo de ministros conservadores, apoiantes de Macron pediram ao primeiro-ministro nos últimos dias garantias sobre leis sociais, como o direito ao aborto ou o "casamento para todos" - a lei do Governo do socialista François Hollande, que permitiu o matrimónio de casais homossexuais.
As “grandes leis” do “progresso social ou social” serão preservadas, disse no domingo à noite Barnier, nomeado em 05 de setembro como líder do Governo pelo chefe de Estado.
Na segunda-feira, o novo ministro do Interior, Bruno Retailleau, de direita, anunciou que a sua prioridade será “repor a ordem”.
Por seu lado, o novo chefe da diplomacia francesa, o centrista Jean-Noel Barrot, afirmou que, “na Ucrânia, no Médio Oriente, no Haiti, na região dos Grandes Lagos, no Mar da China, defenderá o corpo e alma do direito internacional ao serviço de uma paz justa”.
Embora a preparação do orçamento para 2025, que já sofreu um atraso sem precedentes, seja a urgência número um, Barnier prometeu não “aumentar ainda mais os impostos sobre todos os franceses”.
Mas “os mais ricos devem participar no esforço de solidariedade”, alertou, sem comentar diretamente o restabelecimento do imposto de solidariedade sobre a riqueza, exigido pela esquerda.
“Uma grande parte da nossa dívida é emitida nos mercados internacionais externos, devemos manter a credibilidade da França”, acrescentou.
A França está, tal como vários outros membros da União Europeia, sujeita a um procedimento de défice excessivo por parte de Bruxelas.
Barnier indicou ainda que vai tentar melhorar a muito contestada reforma das pensões, sem fornecer detalhes.
Trata-se, no entanto, de garantias insuficientes para a esquerda, que já indicou que vai redigir uma moção de censura ao novo executivo.
O texto será apresentado pelos socialistas, que fazem parte da Nova Frente Popular (NFP) – a coligação que ficou em primeiro lugar nas eleições legislativas de 30 de junho e 07 de julho, mas sem obter maioria – após o discurso de política geral de Barnier.
O novo executivo, cuja composição foi revelada no sábado, dá um lugar de destaque ao partido do Presidente Macron, o Renascimento, e aos Republicanos, de direita.
No entanto, os dois partidos saíram em claro declínio das eleições legislativas provocadas pela polémica dissolução da Assembleia Nacional, depois das últimas eleições europeias.
Para ter sucesso, uma moção de censura tem de recolher os votos da União Nacional, o partido de extrema-direita de Marine Le Pen, o que de momento é improvável.