Açoriano Oriental
Milhares honraram Nossa Senhora dos Anjos em Água de Pau

A vila de Água de Pau encheu-se ontem para receber a procissão em honra de Nossa Senhora dos Anjos, festa esta que atua como “um grande ponto de referência” para a comunidade local e para os emigrantes que se reconectam com as suas raízes

Milhares honraram Nossa Senhora dos Anjos em Água de Pau

Autor: Joana Medeiros

Tendo em conta a Solenidade de Nossa Senhora dos Anjos, que é celebrada anualmente no dia 15 de agosto, a vila de Água de Pau preparou-se para, mais uma vez, fazer sair à rua a sua padroeira, reunindo milhares de pessoas nas artérias principais desta freguesia do concelho da Lagoa.

No dia que é considerado “a joia da festa”, conforme descreve o padre João Furtado, as celebrações iniciaram logo pelas 07h00, com a realização de uma Eucaristia, seguindo-se, uma hora depois, a alvorada no Monte Santo com a participação da Banda Fraternidade Rural, com lugar para uma nova Eucaristia pelas 10h00.

Às 12h30, foi a vez de dar início à missa solene em honra de Nossa Senhora dos Anjos, presidida pelo padre Davide Vieira, da Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia, paróquia do Cabouco, com a participação do Coral de Nossa Senhora dos Anjos.

Às 17h30 deu-se, então, início à procissão que integra este ano um total de dez bandas filarmónicas e que homenageia esta padroeira, que tanta fé desperta na comunidade local e na comunidade migrante que, por esta altura, faz questão de revisitar a sua terra e a sua família com o intuito de se juntar à festividade cujo encerramento ocorre amanhã, quinta-feira.

Estes emigrantes, conta o pároco, vêm essencialmente de países como os Estados Unidos da América e do Canadá e, tal como os locais, “são também generosos” para com a igreja, tendo em conta que esta é uma festa que implica despesas “que têm de ter refeitas com donativos que revelam a generosidade do povo”.

Embora seja impossível prever o número de pessoas que incorporam, todos os anos, esta procissão, o pároco refere que é certo que há sempre muita gente a caminhar neste momento de fé, sejam de movimentos ou de grupos religiosos e eclesiais, bandas filarmónicas, sejam pessoas a carregar os andores ou crianças que tomaram recentemente a sua comunhão solene, acompanhadas pelos pais. Há ainda espaço para grupos culturais e desportivos ou para os escoteiros, o que torna muito difícil a tarefa de contabilizar o número de pessoas que integra a procissão.

Para que esta grande festa se concretize, há uma preparação remota que se inicia largos meses antes da chegada do mês de agosto, realça o pároco que este ano celebra “com alegria” os 40 anos desde o início do seu sacerdócio.

João Furtado salienta, assim, que Água de Pau tem “uma belíssima Comissão de Festas” que torna tudo possível, bem como uma grande envolvência por parte da restante comunidade católica nesta vila lagoense.

“O que eu noto é a envolvência de toda a gente. As pessoas gostam e têm muito amor a esta festa, e este é um ponto de referência tanto no calendário como no calendário litúrgico; as pessoas têm a festa de Nossa Senhora dos Anjos como um ponto de grande referência e que envolve muita coisa para além da preparação das festas, mesmo nas famílias”, afirma o padre João Furtado.

Embora constate, ao longo dos anos, que esta é uma tradição na qual “algumas coisas se vão alterando ao jeito do contexto social em que vivemos”, o pároco das freguesias de Água de Pau e Ribeira Chã considera que a paróquia de Nossa Senhora dos Anjos é “uma comunidade de fé, religiosa e que, naquilo que é possível, participa e deixa-se envolver”, sendo a igreja “um ponto de referência para aquele povo” que classifica como “simples, hospitaleiro e alegre”.

“Este é um povo com um grande sentido de pertença à comunidade. Não é bairrismo, é gostar daquilo que é seu; é considerar que o que é seu é o melhor do mundo. Temos que ter essa filosofia, que a nossa igreja é a melhor do mundo, ou que a nossa família é a melhor do mundo. Temos que cultivar o amor àquilo que nos pertence”, prossegue ainda João Furtado.

Apesar de o envolvimento com a igreja ser particularmente forte por ocasião das festas em honra de Nossa Senhora dos Anjos, o pároco refere que, de uma forma geral, a comunidade tem “a sua vida cristã mais ou menos ligada com a prática religiosa”, participando na Eucaristia com regularidade.

Para além da vertente religiosa que marca todos os anos esta festa, o padre João Furtado explica que esta é também uma ocasião para incentivar a cultura popular, uma vez que esta festa é também sinónimo de arraiais e cortejos etnográficos – que dão conta das particularidades culturais e dos costumes das comunidades onde se inserem –, ou de concertos que reúnem a população e outros visitantes.

Terminado este dia dedicado a Nossa Senhora dos Anjos e à fé do povo de Água de Pau, marcado também pelo concerto da Banda Filarmónica Fundação Brasileira, dos Mosteiros, e pela tradicional roda de fogo, o encerramento das festas irá ocorrer a partir das 20h00, com a celebração da Eucaristia e Ação de Graças do 40.º aniversário de sacerdócio do padre João Furtado, pela atuação do Grupo Brumas da Terra e, às 23h55, com o adeus à imagem de Nossa Senhora dos Anjos com a participação da Banda Filarmónica da Vila de Água de Pau.

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