Metade da população dos Açores vive sem capacidade económica para pagar uma semana de férias fora de casa por ano, um valor que coloca a região muito acima da média nacional e no topo das privações registadas em Portugal. De acordo com os dados mais recentes do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento de 2024, do Instituto Nacional de Estatística (INE), 50% dos açorianos dizem não ter condições financeiras para suportar este tipo de despesa, quando no conjunto do país essa percentagem se fica pelos 35,2%.
Em comparação com o restante país, os Açores surgem mesmo como a região com o valor mais elevado neste indicador. A Madeira aproxima-se dos números açorianos, com 46,9%, mas ainda assim fica abaixo.
A perda de capacidade financeira nos Açores estende-se de forma sistemática à generalidade dos restantes indicadores de privação material e social. Na impossibilidade de assegurar o pagamento imediato de uma despesa equivalente ao valor mensal da linha de pobreza sem recorrer a empréstimos, a média nacional é de 28,7%, enquanto nos Açores sobe para 43%, apenas atrás da Madeira (44%).
No que respeita à dificuldade em pagar atempadamente rendas, prestações de crédito ou despesas correntes da habitação, a média nacional é de 5,7%, enquanto nos Açores esse valor é de 4,8%, o segundo mais baixo do país, apenas atrás do Alentejo (4,5%), indicando que a região apresenta, neste indicador específico, uma capacidade de pagamento acima da média nacional.
Na incapacidade de manter a casa adequadamente aquecida, Portugal regista 15,7% da população, ao passo que, nos Açores, esse valor sobe para 22,9%, o mais alto do país.
Na falta de capacidade económica para ter automóvel para uso pessoal, a média nacional situa-se nos 4,7%, e os Açores apresentam 7,3%, sendo a região com o maior valor neste indicador.
Já na impossibilidade de garantir uma refeição de carne, peixe ou equivalente vegetariano de dois em dois dias, Portugal regista 2,5%, enquanto, nos Açores, o valor sobe para 6,9%, o mais elevado entre todas as regiões.
Na dificuldade em
substituir o mobiliário usado, a média nacional é de 36,2% e, nos
Açores, o valor sobe para 41,6%, acima do país e entre os mais elevados,
apenas atrás da Madeira (47%).
No indicador de “sem capacidade
económica para substituir roupa usada por alguma roupa nova (excluindo a
roupa em segunda mão)”, a média nacional é de 6,1% e os Açores registam
9,6%, apenas atrás da Madeira (10,1%).
Na incapacidade de gastar semanalmente uma pequena quantia de dinheiro consigo próprio, os Açores registam um valor de 12,6%, enquanto a média nacional é de 9,5%. Mais uma vez, os açorianos apresentam o indicador mais elevado.
Na impossibilidade de participar regularmente numa atividade de lazer, a média nacional é de 10,1% e os Açores apresentam exatamente o mesmo valor.
Na dificuldade de se encontrar com amigos ou familiares para uma bebida ou refeição pelo menos uma vez por mês, os Açores lideram este indicador, com 9,3%, enquanto a média nacional é de 5,3%.
Por fim, no acesso à Internet para uso pessoal em casa, a privação atinge 2,1% da população em Portugal e desce para 1,9% nos Açores.
Os dados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento de 2024 confirmam que os Açores é uma das regiões do país com os piores números em vários indicadores de privação material e social.
