Autor: Lusa / AO online
"O assunto será levantado na próxima reunião (formal) de ministros dos Negócios Estrangeiros" dos 27, que se realiza a 15 de Outubro, no Luxemburgo, sob presidência portuguesa, disse precisou um porta-voz do primeiro-ministro britânico.
"Há peritos em Bruxelas a trabalhar com outros colegas europeus para estudar os detalhes para alargar as sanções" contra o regime do presidente zimbabueano, Robert Mugabe, acusado de totalitarismo e de violações dos direitos humanos, acrescentou à Lusa.
Brown anunciou quinta-feira, numa entrevista à televisão ITN, a intenção de Londres "alargar as sanções às famílias" de líderes ligados ao Zanu-PF, o partido no poder.
Actualmente, cerca de 130 pessoas são afectadas por estas sanções, impostas em conjunto pela União Europeia, devido ao desrespeito pelos direitos humanos, e que impedem o presidente zimbabueano, Robert Mugabe, de viajar até território europeu.
Além da proibição de vistos, a UE determinou, desde Fevereiro de 2002, o congelamento de activos e o embargo ao fornecimento de armas, nomeando sobretudo responsáveis governamentais e altos funcionários do país.
"As sanções são um sinal da repugnância das pessoas na Europa com o que está a acontecer no Zimbabué e a interdição de viajar e outras sanções comerciais são parte disso", vincou na quinta-feira o primeiro-ministro britânico.
Brown poderá também evocar o tema na cimeira informal de chefes de Estado e de Governo da UE, a 18 e 19 de Outubro, em Lisboa, a qual terá como assunto central a aprovação do futuro Tratado Reformador dos 27, que substituirá a fracassada Constituição Europeia.
"Poderemos tentar levantar a questão lá, mas o mais provável é que a levantemos antes, na reunião de ministros de Negócios Estrangeiros" dos 27 do Luxemburgo, salientou o porta-voz britânico.
Gordon Brown invocou quinta-feira o facto de Mugabe estar impedido pelo regime de sanções de viajar até à Europa para ameaçar boicotar a cimeira UE/África, em Lisboa, se o presidente do Zimbabué estiver presente.
A realização da segunda Cimeira Europa/África, a 08 e 09 de Dezembro, em Lisboa, é uma das principais prioridades da actual presidência portuguesa da UE, que se iniciou em Julho e termina no final do ano.
Mas Downing Street admite que "as circunstâncias seriam diferentes", se outro elemento de menor relevo do regime de Harare representasse o Zimbabué na Cimeira UE/África, deixando entender que esta solução poderia desbloquear o impasse.
"Estamos disponíveis para analisar alternativas, mas terão de ser discutidas com os nossos parceiros europeus", afirmou o porta-voz à Lusa.
Quanto à hipótese de Mugabe aceitar um eventual convite para participar na cimeira, a mesma fonte não confirmou se o Reino Unido estaria representado por outro membro do Governo.
"Teremos de ver mais próximo da data se haverá alguma representação [britânica na cimeira]", declarou.
Além do agravamento das sanções na UE, o Reino Unido pretende pedir, na próxima semana, ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para enviar observadores, solicitação que será também feita à União Europeia.
A necessidade de agir perante a situação "chocante e trágica" no Zimbabué - antiga colónia britânica -, que se debate com problemas económicos e falta de alimentação, foi levantada pelo primeiro-ministro britânico num artigo publicado na quinta-feira.
Brown pretende que a comunidade internacional aumente a pressão sobre o regime de Harare, denunciando a falta de democracia, de liberdade de expressão, a existência de tortura e intimidação da oposição política interna.
Em contrapartida, mostrou-se aberto a aumentar a ajuda humanitária em oito milhões de libras [11,5 milhões de euros] ainda este ano e a contribuir para a reconstrução do país "no dia em que a democracia voltar ao Zimbabué".
A posição de Brown surge após a divulgação nos media britânicos de uma série de reportagens realizadas no Zimbabué, nomeadamente pela BBC e ITN, onde são visíveis as dificuldades da população zimbabueana.
Também no início da semana, o arcebispo de York, John Sentamu, apelou a Gordon Brown para liderar a comunidade internacional a pressionar o regime de Mugabe e agravar o regime de sanções ao país.