Açoriano Oriental
Lavrov recusa independência do Kosovo
O chefe da diplomacia russa garantiu que o seu país não aceita a “fantasia” da “independência inevitável” da província sérvia do Kosovo e alertou para as consequências imprevisíveis nos Balcãs e nos países da antiga URSS.

Autor: Lusa / AO online
"Sobre o Kosovo, não podemos aceitar a fantasia de que se trata de uma situação excepcional e de que a independência é inevitável", afirmou Serguei Lavrov, citado pela agência Interfax, numa reacção ao fracasso de mais uma ronda de negociações.

As delegações sérvia e albanesa terminaram hoje sem qualquer sucesso mais uma reunião sobre o futuro estatuto do Kosovo, em Baden, Áustria, a última prevista sob mediação da troika (UE, Estados Unidos e Rússia) antes de esta entregar o seu relatório à ONU a 10 de Dezembro, quando se esgota a moratória de 120 dias dada às partes em Agosto.

Depois de três de negociações, a troika anunciou que as negociações se goraram definitivamente e que vai começar a ser redigido o relatório final a apresentar às Nações Unidas.

No actual cenário, o Conselho de Segurança poderá aprovar uma resolução dando a independência ao Kosovo e, se não o fizer - porque a Rússia tem direito de veto -, Pristina deverá auto-proclamar a plena soberania, como já garantiram as autoridades locais, apoiadas por Washington.

O embaixador norte-americano em Lisboa, Alfred Hoffman, assegurou quarta-feira em declarações à Agência LUSA que a independência do Kosovo é “a única solução”, em nome da paz e estabilidade nos Balcãs Ocidentais.

Na União Europeia (UE), que está dividida sobre o reconhecimento do Kosovo, as maiores reticências vêm de Espanha, por causa nomeadamente do País Basco, e de Chipre - bem como da Grécia, por arrastamento -, devido à República Turca de Chipre do Norte.

Para Lavrov, o quadro é “muito alarmante” devido às “consequências” imprevisíveis nos Balcãs e, sobretudo, em territórios de países da esfera da antiga União Soviética.

Falando à Lusa, o embaixador russo em Lisboa, Pavel Petrovski, indicou nomeadamente os casos da Transdniestria, de maioria russa, cindida da Moldova, da Abkhazia e da Ossétia do Sul, igualmente russófonas, na Geórgia.

O presidente sérvio, Boris Tadic, assegurou quarta-feira que Belgrado “anulará” uma independência auto-proclamada do Kosovo com base na resolução 1244 do Conselho de Segurança da ONU, aprovada em 1999, segundo a qual o seu país tem direito à preservação da integridade territorial.

O Kosovo, com uma área correspondente a cerca de metade do Alentejo, representa 15 por cento do território da Sérvia. Dos seus dois milhões de habitantes, 90 por cento são albaneses muçulmanos. Aproximadamente 100.000 sérvios vivem acantonados na sua província, sob protecção da NATO (KFOR).
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