Fonte da segurança egípcia próxima das conversações, em declarações feitas no Cairo à agência noticiosa espanhola EFE, indicou que a recusa de Israel surge num momento de máxima tensão nas negociações para pôr fim à guerra.
A fonte, que pediu anonimato devido à sensibilidade do dossiê, afirmou que o Egito está a acelerar os esforços diplomáticos para alcançar “uma fórmula de consenso” que permita avançar para a segunda fase, que prevê precisamente a desmilitarização do enclave e o desarmamento do Hamas.
Contudo, admitiu os “importantes obstáculos” do processo resultantes da intransigência israelita e da recusa de Telavive em começar a implementar a segunda fase do acordo antes de o Hamas se desarmar e de ficar resolvida a situação dos combatentes palestinianos cercados no norte e no centro da Faixa de Gaza.
Até ao momento, as conversações permanecem estagnadas, apesar da visita, no domingo passado, ao Cairo do chefe do serviço de segurança interna israelita, o Shin Bet, David Zini, que, segundo a mesma fonte, se manteve “nas posições tradicionais” de Israel, impedindo qualquer avanço tangível nas negociações.
Também não foram frutíferas as conversações com a delegação do Hamas que visitou a capital egípcia na quinta-feira passada, com o objetivo de avançar para “acordos de cessar-fogo mais amplos” previstos na segunda fase, numa altura em que o Egito está a pressionar para iniciar um dos seus pontos: a reconstrução do enclave.
A segunda fase prevê ainda um modelo de governação transitória para a Faixa de Gaza ou a formação de uma força internacional que administre a segurança na zona, mas a falta de “mecanismos” para desarmar o Hamas e as restantes fações palestinianas constitui um dos principais entraves para os mediadores.
“O Egito está a tomar medidas, enquanto outras partes estão a impor condições ou a atrasar a implementação”, afirmou a fonte, recordando que o Cairo está a formar novos agentes da polícia palestiniana juntamente com a Jordânia e a preparar uma conferência internacional para a reconstrução de Gaza.
As tropas israelitas continuam a controlar mais de 50% do território de Gaza, embora o acordo de cessar-fogo assinado por Israel e pelo Hamas em outubro preveja a sua retirada total na segunda fase.
Desde que Israel iniciou a sua ofensiva em Gaza, como represália pelos ataques do Hamas em outubro de 2023, pelo menos 70.112 palestinianos foram mortos em ataques israelitas e mais de 170.986 ficaram feridos, muitos com amputações e lesões permanentes, segundo dados do Ministério da Saúde do enclave palestiniano.
Entretanto, num comunicado, as Brigadas al-Qassam, braço armado do Hamas, anunciaram que entregarão a Israel, às 17:00 locais de hoje (12:00 em Lisboa), através da mediação do Comité Internacional da Cruz Vermelha, os restos mortais de um novo refém, no âmbito do acordo de cessar-fogo.
