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Inveja entre árbitros na origem das detenções, alega presidente do Lamego
O presidente do Sporting Clube de Lamego, Amândio Fonseca, está convencido que foi a inveja entre árbitros da Associação de Futebol de Viseu (AFV) que levou à detenção de dois dirigentes do clube

Autor: Lusa/AO
Em declarações hoje à agência Lusa, Amândio Fonseca manifestou confiança na conduta de Rodrigo Guedes e Jerónimo Medeiros, que hoje saíram em liberdade do Tribunal de Tondela, ficando sujeitos a termo de identidade e residência, à semelhança dos dois árbitros.

    Os árbitros da AFV José Cunha e Fernando Dias e os dirigentes Rodrigo Guedes e Jerónimo Medeiros foram quinta-feira surpreendidos pela PSP de Viseu a transaccionar dinheiro, nas proximidades de Tondela e de Castro Daire.

    Na sua opinião, as detenções de quinta-feira ficaram a dever-se à "inveja que os árbitros da AFV têm uns dos outros", dizendo haver entre eles "árbitros fracos e culturalmente muito pobres".

    Amândio Fonseca considera que "subornos a árbitros da AFV não podem haver", porque "os clubes nem têm dinheiro para mandar tocar um cego", apesar de admitir a existência de "uns copos e uns jantares".

    "Estão criados quatro ou cinco grupos (entre os árbitros da AFV) e estão uns contra os outros. Foi esta inveja que provocou tudo isto", sustentou o dirigente, afirmando que "se há erros dos árbitros não é por suborno, é porque não são capazes de saber mais".

    Sexta-feira, em conferência de imprensa, o presidente da AFV, José Alberto Ferreira, garantiu que, nos últimos quatro anos, a associação "não tem poupado esforços financeiros no sentido de dotar os quadros de arbitragem de formação", realizando sistematicamente várias acções durante a época desportiva.

    Considerou mesmo que o conjunto destas acções "teve o corolário na época passada", em que não houve descidas dos árbitros, pelo contrário, houve subidas e "pela primeira vez árbitros da AFV ficaram classificados nos primeiros lugares nas provas a nível nacional".

    Amândio Fonseca lembrou que o último jogo do clube de Lamego arbitrado por Fernando Dias - que foi detido com os dois dirigentes próximo da Castro Daire - aconteceu há cerca de dois anos, tendo mesmo o clube perdido por 3-0, frente ao Vouzela.

    Neste âmbito, Amândio Fonseca disse continuar a acreditar na versão que tinha contado sexta-feira à Agência Lusa do que aconteceu quando ocorreram as detenções em Castro Daire.

    "Se a polícia viu dinheiro, foi para pagar as peças", frisou, reiterando que Jerónimo Medeiros tinha vendido peças de carro usadas a Fernando Dias e que este estava na altura a efectuar o pagamento, tendo Rodrigo Guedes dirigido o carro em que se deslocaram ao local.

    A Agência Lusa apurou junto de fonte ligada ao processo que cada árbitro estaria a receber "montantes baixos" quando foram detidos pela PSP, que não ultrapassariam os 500 euros em cada um dos casos.

    Amândio Fonseca tinha dito na sexta-feira que apenas Rodrigo Guedes era dirigente do clube e Jerónimo Medeiros um empresário da região do Douro, mas hoje esclareceu que, na prática, ambos trabalham para o clube, ainda que o segundo não esteja inscrito como director.

    "Dos 15 directores do ano passado, só estão 11 inscritos, porque foi feita uma comissão administrativa, tínhamos que inscrever o clube até determinada data (em Outubro) e quatro não tiveram tempo de assinar", entre eles Jerónimo Medeiros, explicou.

    Tanto os dois árbitros, como os dirigentes, ficaram em liberdade a aguardar julgamento, mas foram suspensos das funções que desempenhavam.

    Amândio Fonseca explicou que terá de ser encontrado um substituto para Rodrigo Guedes, que era o chefe do departamento de futebol do Sporting Clube de Lamego.
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