Açoriano Oriental
Instrumento português vai estudar subsolo de Marte em 2013
Em 2013, um instrumento científico português poderá estudar subsolo de Marte, integrado na missão ExoMars, da Agência Espacial Europeia (ESA), num projecto que está a ser desenvolvido há um ano e meio por um consórcio 100 por cento nacional.

Autor: Lusa / AO online
O Subsurface Permittivity Probe, ou SP2, é o instrumento que vai integrar a missão europeia, com o objectivo de estudar as propriedades eléctricas do subsolo de Marte.

"Ao medir as propriedades pode indicar se há ou não há água, mesmo que seja em muito pequenas quantidades, como apenas humidade", explicou à Lusa Pedro Pina, do Instituto Superior Técnico, uma das universidades envolvidas no projecto.

O SP2, cujo projecto inicial está aprovado pela ESA, será o primeiro instrumento a estudar o subsolo de Marte, onde até agora só se explorou a superfície, num projecto orçamentado em dois milhões de euros.

A sonda ExoMars tem como objectivo o estudo do planeta Vermelho para detectar provas de vida e tem lançamento previsto para 2011 para chegar a Marte em 2013.

O investigador português Fernando Simões, que estagiou na ESA e está a trabalhar em França, apercebeu-se da oportunidade de criar um instrumento de origem lusa que integrasse a missão da Agência e lançou as bases para a formação do consórcio SP2.

Em Abril de 2006, realizaram-se as primeiras reuniões com várias empresas e universidades para conhecer os currículos e as soluções para integrar o consórcio.

Depois de analisadas as propostas, seguiu-se a escolha das Universidades e das empresas, um total de oito elementos, que hoje formam o consócio SP2.

Da ExoMars fazem parte 11 instrumentos, criados por vários países europeus, e cuja selecção foi uma competição internacional "muito forte", disse Pedro Pina.

A aprovação final do projecto SP2 é feita em Abril de 2008, estando agora este consórcio à procura de financiamento, conforme as regras da ESA.

"A aprovação da ESA é feita por etapas e está dividida em oito partes. Para qualquer instrumento integrar uma missão tem de chegar ao nível oito, nós estamos no nível quatro", afirmou Pedro Pina.

O nível cinco, que tem de ser cumprido até Abril de 2008, exige o financiamento aprovado, disse o mesmo responsável, acrescentando que até agora têm trabalhado com verbas próprias.

"Apresentámos o projecto e uma proposta bastante detalhada ao Estado português", disse Pedro Pina, explicando que é este financiamento que permitirá "dar o salto".

"O financiamento é na ordem dos dois milhões de euros, o que significa três cêntimos por português em cerca de oito anos", explicou.

A componente científica do projecto é liderada pelo Instituto Superior Técnico e conta com a participação de investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, do Instituto de Telecomunicações, Pólo de Lisboa e da Edisoft.

O desenvolvimento do hardware e software, a componente técnica, é da responsabilidade da EFACEC, Critical Software, Active Space Technologies e Rotacional.

Para o país, este projecto pode ser "muito importante", disse Pedro Pina, porque permite a internacionalização das empresas portuguesas e da ciência em Portugal, em particular das ciências do espaço.

Além disso, acrescentou o mesmo responsável, permite o retorno ao país de alguns investigadores portugueses que estão no estrangeiro.

E, por fim, reforça a ligação entre a universidade e a indústria, motiva as gerações futuras para o sector, não só a nível técnico, mas também científico.
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