Autor: Lusa/AO Online
Em declarações à agência Lusa, o líder do Chega/Açores, partido que suporta o governo com dois deputados na Assembleia Legislativa Regional, afirmou que os primeiros 100 dias serviram para o executivo liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro “se inteirar das situações e acudir a algumas situações mais quotidianas”.
“Obviamente que estaremos à espera do Orçamento e Plano para 2021. A partir daí é que será a prova de fogo do novo governo. Até lá temos de compreender que as coisas não acontecem assim como quem acende um interruptor, passe a expressão”, declarou Carlos Furtado.
Para o “sucesso” na aprovação do documento, que será discutido até abril, Furtado defendeu que o orçamento da região para 2021 terá de estar assente em "três pilares”: saúde, educação e economia.
A propósito dos primeiros 100 dias do Governo Regional de coligação PSD/CDS-PP/PPM, que tomou posse no dia 24 de novembro de 2020 e conta com o apoio parlamentar do Chega e do Iniciativa Liberal, o também deputado elogiou o presidente do executivo, considerando Bolieiro um “negociador nato” e uma “pessoa serena”.
“Tenho notado por parte do senhor presidente do governo uma tentativa de consensos, de trabalho, e de informação e de partilha daquilo que são as decisões do governo, o que me tem agradado bastante”, afirmou.
Carlos Furtado disse ainda acreditar na estabilidade da solução governativa no arquipélago, porque está em causa o “interesse maior do povo açoriano”.
“A estabilidade governativa da parte do Chega há de existir sempre porque eu sou um homem de diálogos e tenho a certeza de que o senhor presidente do governo é também um homem de diálogos. Estando os dois de boa-fé, iremos chegar a entendimentos sempre”, realçou.
O líder da IL/Açores, Nuno Barata, defendeu que os 100 dias iniciais do executivo deixaram “algumas expectativas goradas”, ao nível das “nomeações, cortes na despesa do Estado, peso da administração pública” e na “forma de acudir rapidamente aos problemas” provocados pela pandemia da covid-19.
“É preciso ter alguma tranquilidade, é preciso avaliar as coisas com alguma consequência, mas também é preciso alertar e deixar claro que as expectativas que o povo açoriano tinha com as mudanças necessárias estão longe de estarem satisfeitas”, salientou o liberal.
O deputado da IL alertou que é necessário “corresponder aos anseios da população”, que, disse, aspirava por “uma mudança efetiva e não apenas por uma mudança de protagonistas”.
Questionado sobre as razões para a não concretização desta “mudança efetiva”, Nuno Barata apontou a “inexperiência de alguns governantes”.
“Se for uma falta de dinâmica estrutural [do Governo Regional], então aí os Açores não podem esperar bons resultados nesta legislatura ou sequer que ela chegue ao fim”, afirmou.
O deputado único da IL no parlamento açoriano destacou que a vontade do partido é assegurar “estabilidade política” à região, mas para isso o executivo tem de ter “coragem reformista”.
“Se for uma estabilidade política assente numa espécie de paz podre para que cheguemos a 2024 sem mácula para irmos a votos de novo, eu penso que não estamos a prestar um bom serviço aos açorianos. Para isso, mais vale irmos a votos antecipadamente”, apontou.