Autor: Rui Jorge Cabral
O Serviço Diocesano à Juventude lançou durante este mês de outubro, até
ao dia 28, um inquérito online aos jovens açorianos com o objetivo de
saber como é que eles olham para a Igreja Católica e para os seus
movimentos e o que é eles acham que poderia ser feito de diferente para
os cativar.
Este inquérito regional online, destinado a jovens entre
os 15 e os 30 anos e que será complementado ao nível de cada ouvidoria,
irá ser analisado e as suas propostas debatidas durante uma Assembleia
de Jovens, que irá decorrer na ilha Terceira, de 1 a 3 de novembro. E
será a partir desta auscultação aos jovens que serão pensadas as ações a
desenvolver pelo Serviço Diocesano à Juventude durante o próximo ano,
num processo que se pretende dinâmico e sempre aberto a correções.
Refira-se
que o Serviço Diocesano à Juventude é coordenado pela primeira vez por
uma mulher, Gisela Baptista, sendo também de destacar o facto de ser uma
leiga a suceder ao padre Norberto Brum, que desempenhou estas funções
durante as últimas duas décadas.
“O grande desafio é o de unirmo-nos
todos e comunicarmos com todos, apesar de termos uma diocese dispersa
por nove ilhas, não só com os jovens que já estão dentro da Igreja, mas
também com os que estão fora dela”, afirma em declarações ao Açoriano
Oriental Gisela Baptista, coordenadora do Serviço Diocesano à Juventude,
a nova designação da Pastoral da Juventude na Diocese de Angra.
Gisela
Baptista tem 33 anos e é natural da Ribeira Chã, na Ouvidoria da Lagoa.
A sua ligação à Igreja Católica é antiga, tendo integrado os grupos de
jovens e de leitores, ao mesmo tempo que se lembra do dia em que, muito
jovem, perguntou ao padre da sua paróquia porque é que as meninas não
podiam ser acólitas, ao que ao padre respondeu que não havia nenhum
impedimento e ela passou também a ajudar na celebração das missas.
Gisela foi também catequista e pertenceu ao grupo coral. “Portanto, em
tudo o que era possível servir, eu estive incluída”, recorda.
Por seu lado o padre João Ponte, assistente espiritual do Serviço Diocesano à Juventude, explicou que a primeira atividade que a nova equipa coordenadora pretende fazer é “escutarmos o que os jovens têm para dizer, as propostas que querem lançar e as necessidades que existem na diversidade da nossa diocese”.
Sobre o que tem afastado os jovens da Igreja, o padre João Ponte salienta a importância do testemunho, no seio da família, da Igreja e do meio social em que o jovem se insere. Isto porque, “se os jovens não virem pessoas que acreditam naquilo que estão a celebrar, os jovens não irão participar”, afirma o padre João Ponte, para quem, num tempo em que se sente falta de esperança, “o testemunho é muito importante na Igreja e o testemunho convence, porque é o testemunho da minha vida que vai contagiar e arrastar o outro, muito mais do que apenas as minhas palavras”.
Gisela Baptista destaca
igualmente as mudanças registadas na família nas últimas décadas,
lembrando que hoje existe um menor compromisso para com a Igreja, porque
“as prioridades alteraram-se” e “as pessoas passaram a abdicar mais
facilmente de ser testemunho e esperança na vida dos outros”, conclui.