Autor: Lusa / AO online
“Assistimos a uma clara perda de independência nacional, e a grande velocidade”, afirmou aquele membro do Conselho Económico e Social (CES), na abertura de um debate na Universidade Católica subordinado ao tema “O Desafio da Mudança Urgente. Caridade, Verdade e uma Encíclica”.
Alertando para o facto de que “os anos que se aproximam vão ser mais difíceis”, João Salgueiro salientou as limitações dos benefícios sociais e defendeu que o desemprego “vai continuar a crescer” e que para muitos empresários “o que está em causa” é conseguir sobreviver.
“A solidariedade significa que é preciso melhor distribuição da riqueza e ajuda aos continentes mais atrasados. Mas não é isso que estamos a assistir. Muitos portugueses estão a abandonar o país, os empresários estão a deslocalizar as sedes das empresas”, alertou o economista.
“Acima do medo que se vive hoje, o pior problema é esta cultura de desmazelo e não compreensão do que se está a passar. O eurocentrismo não faz sentido neste momento. Quem está a ganhar o poder, além dos Estados Unidos, são os países emergentes, como a China, Índia e Vietname, para onde estão a ser deslocalizados trabalhadores e empresas”, defendeu.
O economista considerou que a China está a desenvolver um capitalismo “ainda mais selvagem” do que o do mundo ocidental.
Joaquim Franco, da Comissão Nacional de Justiça e Paz, defendeu que se atravessa um tempo de mudança: “Basta ver o percurso da história para encontrar semelhanças, como catástrofes naturais, escassez de ética e não concretização da justiça para perceber que vamos ter uma mudança, só que agora é mais rápida do que no passado”.
Este responsável defendeu ainda estarem a ruir os “critérios sobre os quais construímos a nossa felicidade” e disse esperar que a greve geral, marcada para quarta-feira, seja “construtora” de uma nova dinâmica de participação e de mudança política: “se assim não for [a greve] é em vão”, defendeu.
O antigo ministro da Educação Roberto Carneiro defendeu a necessidade de “uma governação diferente para o mundo”, alertando para o facto de o crescimento sem coesão social não ser sinónimo de prosperidade.