Autor: Paulo Faustino
A Secretaria Regional do Mar e das Pescas pretende redistribuir quota de espadarte nos Açores de modo a privilegiar os armadores que operam e descarregam o seu pescado no arquipélago em detrimento dos que o fazem no Continente ou em Vigo (Espanha).
Atualmente,
existem cinco embarcações com palangre de superfície pertencentes a
empresários do continente que, apesar de terem porto de armamento nos
Açores, não fazem descargas na Região.
“Não queremos retirar a frota regional a estes armadores, o que queremos é distribuir a quota de 313 toneladas de espadarte por forma a que consigamos maiores proveitos e consigamos distender mais no tempo as descargas”, salientou o Secretário Regional do Mar e das Pescas, que apresentou uma proposta nesse sentido na recente reunião sobre a safra de atum que decorreu na Lotaçor, em Ponta Delgada, e que juntou os agentes do setor.
No ano passado, a partir do final de maio, a quota da referida espécie esgotou nos Açores e Manuel São João entende que “não podemos consentir que a gestão da quota do espadarte seja feita à custa das embarcações que cá se encontram a descarregar porquanto as outras cinco embarcações descarregam diretamente no Continente ou em Vigo (Espanha), com todos os problemas que isso nos acarreta”. Nomeadamente no que respeita à contabilização das descargas, números esses que, enfatiza o governante, a Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM) “nos manda sempre tarde e a más horas”.
O titular regional da pasta das pescas deixa claro que o que a tutela pretende é reforçar as embarcações que operam e descarregam na Região, “sem prejudicar em demasia as embarcações com palangres de superfície que, sendo da Região, descarregam no Continente, e depois avaliarmos, em meados do ano (de 2024), as descargas e, eventualmente, redistribuirmos o restante por aqueles que se dedicaram mais a esta arte”.
Existem 37 embarcações na Região ligadas à pesca do espadarte “e, portanto, teremos que eventualmente fazer uma revisitação a meio do ano, por forma a, por um lado, aproveitar a quota e, por outro, valorizar o espadarte porque não podemos ter espadarte a preços que, por vezes, saem nas lotas da Região”.
Na reunião ocorrida na Lotaçor, o secretário regional do Mar e das Pescas propôs ainda um novo modelo de gestão para o atum patudo e voador, envolvendo a produção e comercialização, com o objetivo de aumentar o preço médio de venda na Região.