Autor: Lusa/AO Online
"Como é que vai resolver, por exemplo, o problema do insustentável endividamento a que o seu Governo conduziu o país? Como é que promete relançar economia e emprego se este nível de endividamento irá seguramente provocar um aumento significativo dos encargos com juros, de onde resultarão maiores encargos para as empresas, para as famílias e para o desemprego", perguntou Manuela Ferreira Leite, durante o debate do Programa do Governo, no Parlamento.
A deputada e presidente do PSD questionou como é que o primeiro-ministro "persiste no programa de grandes investimentos públicos sem agravar ainda mais o endividamento e provocar a escassez do crédito" e "como é que, por este caminho, vai estancar a nova pobreza social e a falta de oportunidades para os jovens".
"Como é que vai combater a corrupção, que alastra de forma impune a sociedade e a impede de recuperar a confiança para crescer, e o combate à injustiça social", quis ainda saber Manuela Ferreira Leite, prometendo que "o PSD não vai abdicar de lutar por estas questões, para as quais desde há muito alerta os portugueses e para as quais apresentou propostas concretas".
Na resposta, o primeiro-ministro começou por referir que "o debate político durante a campanha incidiu justamente sobre as prioridades da política económica" e sublinhou que continua a defender "as prioridades da política económica" que defendeu na campanha.
"A crise internacional exige que se dê uma atenção e uma prioridade ao crescimento económico e é para esse crescimento económico que estamos a trabalhar. E os últimos sinais são bem claros de que a estratégia que seguimos começa a produzir resultados", sustentou.
José Sócrates disse que "as últimos previsões da Comissão Europeia mostram que Portugal tem hoje uma perspectiva no crescimento económico muito superior à média europeia".
"Tendo sido já um dos países que saiu em primeiro lugar da recessão técnica que atingiu todos os países, Portugal tem hoje condições para prosseguir e deve prosseguir essa linha política de insistência no crescimento e no emprego", concluiu o primeiro-ministro.
No seu pedido de esclarecimento, Manuela Ferreira Leite criticou o Governo por "nem se ter dado ao trabalho de ajustar propostas meramente eleitoralistas a uma perspectiva de governação sem maioria absoluta" no seu programa.
José Sócrates reiterou que não vê razões para ter mudado o programa que levou a votos nas legislativas e argumentou que os partidos da oposição, depois de terem recusado uma "negociação" com vista a um entendimento com o PS, "não têm a legitimidade para pedir ao Governo que se apresente com outro programa que não seja o programa com que se candidatou às eleições.