Açoriano Oriental
Jornadas de Medicina Geral e Familiar
Falta de médicos de família poderá agravar-se
Até 2015 muitos dos actuais 116  especialistas em medicina geral e familiar que servem uma população de 241  mil pessoas nos Açores vão entrar na idade de reforma o que poderá agravar a situação do já frágil sistema regional de saúde.
Falta de médicos de família poderá agravar-se

Autor: Pedro Nunes Lagarto
Para se ter uma ideia da escassez de meios humanos basta dizer que o Centro de Saúde de Ponta Delgada, por sinal o único na ilha de São Miguel que serve dois concelhos - Ponta Delgada e Lagoa - tem  24 médicos para um quadro de 56, o que se reflecte na capacidade de resposta: a taxa de cobertura da população utente (80 mil ) ronda os 50 por cento, ou seja, metade dos pontadelgadenses e dos lagoenses não tem especialista em medicina geral e familiar.

A maioria dos intervenientes nas  “IX Jornadas de Medicina Geral e Familiar”, que tiveram inicio ontem em Ponta Delgada, pergunta como é possível se ter chegado à presente situação, tanto mais que o Serviço Regional de Saúde é pioneiro (pela positiva) em diversas áreas.

Fontes e Sousa, responsável da delegação nos Açores da Associação Portuguesa de Médicos de Clínica Geral, tem uma ideia muito própria acerca da evolução dos últimos anos: “Nos Açores, tal como no continente, faltam especialistas  em clínica geral e familiar, porque durante muito tempo os Governos dedicaram maior atenção à falta de recursos nas especialidades e, por outro lado, porque colegas da área da medicina consideram que trabalhar num centro de saúde equivale a ser-se “médico de segunda””.

Mas,  se representantes da classe, autarcas e até governantes admitem   que o número de médicos de família que serve a população açoriana não é  suficiente para uma resposta eficaz, diferente é a opinião sobre as medidas a tomar para resolver o problema.

Por exemplo, a autarca Berta Cabral considera que a solução não passa por medidas paleativas pois cumpre “ alterar o modelo e torná-lo mais próximo das pessoas, fazendo com que todos tenham acesso a médico”.

Fontes e Sousa concorda com a criação de incentivos para a fixação de novos médicos,  mas pergunta o que tem sido feito  em prole dos que já estão no sistema.

Quanto ao  Secretário Regional  que tutela a Saúde , Domingos Cunha, garante que a situação tem vindo a ser  acompanhada pelo Governo e , “prova disso”,  diz,  foi a recente aprovação de um diploma regional, a 25 de Outubro, no qual se reformula o Sistema de Incentivos à fixação de pessoal médico na especialidade de Medicina Geral e Familiar.

Os  incentivos consistem na concessão de um acréscimo salarial mensal durante um período de cinco anos, num subsídio de instalação durante seis meses e de montante decrescente, e no apoio também decrescente, no subsídio de alojamento.
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