Açoriano Oriental
Massacre de Santa Cruz em Timor-Leste
Estudantes timorenses querem tribunal internacional
Um grupo de universitários e outros jovens timorenses exigiu hoje no Cemitério de Santa Cruz a criação de um tribunal internacional para julgar os responsáveis pelo massacre de 12 de Novembro de 1991.

Autor: Lusa/AO
O massacre foi assinalado, em feriado nacional, com uma cerimónia solene que incluiu uma marcha entre a Igreja de Motael e o Cemitério de Santa Cruz.

    Dezenas de jovens participaram na dramatização dos acontecimentos de 12 de Novembro de 1991, quando tropas indonésias dispararam sobre a multidão que assinalava a morte do estudante timorense Sebastião Gomes.

    Um grupo de jovens da Universidade da Paz empunhou cartazes com fotografias dos líderes da Indonésia, começando pelo ex-Presidente Suharto e incluindo dezenas de militares que tiveram responsabilidades durante a ocupação de Timor-Leste.

    Gregório Saldanha, que em 1991 era o responsável juvenil da rede clandestina da resistência, dirigiu-se aos titulares timorenses e ao embaixador da Indonésia (ausente da cerimónia) pedindo que seja revelado o local onde foram colocados os mortos.

    Também o presidente do Parlamento Nacional, Fernando "La Sama" de Araújo, antigo líder da Renetil, organismo juvenil da resistência timorense, recordou que as famílias têm o direito de recuperar "os corpos, ou pelo menos os ossos" das vítimas.

    Na primeira linha da assistência às cerimónias de hoje estiveram os familiares das vítimas, sentados diante do portão principal do cemitério e empunhando retratos encaixilhados dos que caíram naquele local em 1991.

    "Nós demos o sacrifício, mas são outros que aproveitam da independência", resumiu à Agência Lusa uma das sobreviventes, Ana Rosário Cardoso, tia do estudante Sebastião Gomes.

    O Massacre de Santa Cruz provocou um número indeterminado de mortos em diferentes incidentes em Díli e nos arredores da capital, na sequência da manifestação pacífica de protesto pela morte de Sebastião Gomes.

    Gregório Saldanha, um dos coordenadores da Comissão Conjunta da ex-Juventude da Resistência Nacional (CCJRN), apurou uma lista provisória de "cerca de 160 nomes" de pessoas mortas.

    À cerimónia de hoje assistiram o primeiro-ministro Xanana Gusmão, o secretário-geral da Fretilin e ex-chefe de Governo, Mari Alkatiri, e o presidente do partido e ex-presidente do Parlamento Nacional, Francisco Guterres "Lu Olo".
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