Açoriano Oriental
Espaço Vaga com temporadas de intercâmbio cultural entre Açores, Noruega e Islândia

O espaço cultural Vaga, em Ponta Delgada, vai ter quatro temporadas, cada uma com a duração de três meses, de intercâmbio cultural entre os Açores e os “parceiros artísticos” da Noruega e da Islândia.

Espaço Vaga com temporadas de intercâmbio cultural entre Açores, Noruega e Islândia

Autor: Lusa/AO Online

Jesse James, co-fundador do espaço e da Associação Anda e Fala, explicou à agência Lusa que as temporadas do espaço vão ser coorganizadas com o Centro de Arte do Norte da Noruega, com o LungA Art Festival e o Cycle Music and Art Festival, ambos da Islândia.

A escolha daqueles dois países deve-se ao fundo EEA Grants, que apoia as temporadas que preveem “uma série de exposições, instalações, performances, encontros, pesquisas e jantares”.

“Estas temporadas são um projeto de programação e mediação artística para o espaço da Vaga, que acho que vai acabar por traduzir muitas daquelas que são as reflexões da Vaga e da associação Anda e Fala sobre os processos e práticas culturais que nós queremos imaginar para o futuro”, afirmou Jesse James, também responsável pela associação que organiza o festival Walk&Talk.

Com início em março de 2022 e fim em junho de 2023, a cada temporada vão ser convidados diferentes artistas “de várias regiões” para explorar um tema comum e “trabalharem em conjunto na construção de um programa”.

“Há este intercâmbio em termos de projetos artísticos. De termos aqui artistas que são de outra geografia, mas que vão ter uma oportunidade de trabalhar a partir do contexto social e cultural dos Açores”, realçou.

A primeira temporada vai refletir sobre a “invisibilidade e as relações de poder que existem na ocupação e na definição dos territórios”.

A segunda vai abordar a “dimensão arquipelágica dos Açores” e a terceira pretende criar “pensamento sobre estratégias de mitigação das questões ligadas às alterações climáticas”.

“Isso é uma experiência muito importante para nós porque estamos a trabalhar a partir de um contexto que é diferente, mas que é também ele periférico e que também precisa de se entender como é que se abre ao mundo”, destacou Jesse James, a propósito do “intercâmbio cultural” entre os Açores, a Islândia e a Noruega.

Integrado na programação, vai ser criado um “grupo de trabalho” intitulado LabTempo, que vai “acompanhar a atividade das primeiras três temporadas” e programar a quarta e última temporada.

Para formar esse grupo de trabalho, vai ser lançada uma “open-call” (chamada aberta, em tradução livre) para jovens residentes em São Miguel, dos 15 aos 35 anos, que “vão ser pagos” para integrar o projeto, uma vez que a organização tem o “compromisso” de “acabar com gratuitidade do trabalho” na cultura.

“É um projeto formativo para a próxima geração de artistas, curadores e programadores culturais nos Açores. Assenta numa lógica de transmissão de conhecimento e de autonomia, para continuar a perspetivar o futuro”, salientou Jesse James, a propósito do Labtempo, alertando para a necessidade de “fixar profissionais qualificados na região”.

Referindo que vão ser criadas bolsas de criação por cada temporada, o organizador afirmou que o projeto visa “falar dos temas da contemporaneidade a partir dos Açores”, mas em “relação a outros lugares”.

“Um espaço como a Vaga, ainda para mais com dimensão de estrutura independente, dá espaço para introduzir novas dinâmicas no contexto institucional açoriano e forçar uma discussão sobre o que são esses lugares de cultura”, concluiu.


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