Açoriano Oriental
Açores/Governo
"Engenhoca" no poder apresentou programa de governação contraditório, diz António Lima

O Bloco de Esquerda Açores (BE)  anunciou esta sexta feira que vai votar contra o Programa do novo executivo da região, dizendo que a "engenhoca" no poder fez um documento "mal construído" e "repleto de contradições".

"Engenhoca" no poder apresentou programa de governação contraditório, diz António Lima

Autor: AO Online/ Lusa

"Este Governo nasce de uma coligação de forças políticas de direita com apoio parlamentar da extrema-direita. É um Governo que é uma engenhoca, tais são as diferenças entre os programas políticos dos partidos que o compõem e apoiam. Do mesmo modo, este Programa de Governo é uma engenhoca mal construída", considerou o líder do BE nos Açores, António Lima.

O deputado bloquista falava no parlamento regional, no encerramento de três dias de debate do Programa do novo Governo dos Açores, composto por PSD, CDS e PPM e viabilizado parlamentarmente por Chega e Iniciativa Liberal.

O documento discutido, defende António Lima, é "repleto de contradições em várias áreas da governação", nomeadamente "na área social".

"'As pessoas primeiro' é o lema deste Programa de Governo. Pessoas, desde que não sejam beneficiários do RSI [Rendimento Social de Inserção], porque esses são imediatamente chamados de subsídiodependentes, como quis a extrema-direita. Durante estes três dias de debate, o PSD, o CDS e o PPM e o próprio Governo Regional não se envergonharam de aplaudir o apontar o dedo aos pobres, pensando que a cláusula de respeito pelos direitos humanos que incluíram no acordo com a extrema-direita os absolve dessa atitude", prosseguiu António Lima.

A atual maioria parlamentar, diz ainda o Bloco, "propõe-se atacar bases fundamentais da democracia", nomeadamente "a representatividade e a proporcionalidade, quer através da diminuição do número de deputados" do parlamento regional, "quer pela criação de um círculo regional para o Parlamento Europeu".

"A engenhoca quer um governo grande e um pequeno parlamento, para satisfazer novamente a extrema-direita, que vê a democracia como uma gordura a cortar", acrescentou António Lima.

Em jeito de balanço, o deputado do BE defende que este executivo "não quer lutar pelos Açores, mas sim lutar pela sua sobrevivência política".

E concretiza: "As políticas erradas e contraditórias que se cozeram para fazer uma espécie de Programa de Governo anulam-se, contradizem-se e rasgam setores a meio. Com este programa e este governo, os Açores andarão aos supetões, por vezes sem rumo, outras tantas para trás".

O PS perdeu em outubro, nas legislativas regionais, a maioria absoluta que detinha nos Açores há 20 anos, elegendo 25 deputados.

PSD, CDS-PP e PPM, que juntos representam 26 deputados, assinaram um acordo de governação. A coligação assinou ainda um acordo de incidência parlamentar com o Chega e o PSD um acordo de incidência parlamentar com o Iniciativa Liberal (IL), somando assim o número suficiente de deputados para atingir uma maioria absoluta (29 parlamentares).

O Programa do Governo Regional está a ser discutido desde quarta-feira no parlamento açoriano, na Horta, e é votado ainda hoje.


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