Açoriano Oriental
Durão Barroso espera "desenvolvimentos positivos" em Rangun
O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, disse à Agência Lusa em Díli admitir “desenvolvimentos positivos" na situação da Birmânia.

Autor: Lusa / AO online
"Mesmo um regime tão fechado como o de Myamnar (Birmânia) sente-se, pelo menos, obrigado a reconhecer a necessidade de alguma cooperação", declarou Durão Barroso em entrevista à Agência Lusa durante a sua visita oficial a Timor-Leste.

O presidente da Comissão Europeia participou na semana passada em Singapura, na Cimeira ASEAN-UE (entre as Nações do Sudeste Asiático e a União Europeia), antes de prosseguir uma viagem oficial que o levou a Jacarta, Díli, Hanói e, esta semana, Pequim e Nova Deli.

"Havia um ministro de Rangum em Singapura que, além do discurso de não-interferência nos assuntos internos, que todas as ditaduras usam e que nós já conhecemos, também acrescentou que o regime birmanês quer cooperar com a missão do enviado-especial" das Nações Unidas, frisou Durão Barroso.

"Mais do que a análise, interessa a acção", sublinhou Durão Barroso sobre a posição de Bruxelas na crise birmanesa.

"A UE está a fazer muito" para conseguir uma transição democrática em Rangum, acrescentou Durão Barroso, salientando que "80 por cento das intervenções do lado europeu na Cimeira foram sobre isso".

"Não ficaram quaisquer dúvidas dos nossos parceiros sobre a importância que atribuímos à questão", afirmou Durão Barroso.

Em Jacarta, onde Durão Barroso realizou a primeira visita oficial de um presidente da Comissão Europeia, a situação birmanesa esteve na agenda do encontro com o Presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono.

"Não me compete entrar em detalhe mas tivemos uma longa conversa", disse Durão Barroso à Lusa.

"Encorajei muito o Presidente Susilo a desenvolver esforços para uma transição em Myanmar e ele está muito interessado nisso", acrescentou.

"É preciso não esquecer que o próprio Presidente Susilo é um antigo general, que compreendeu no seu próprio país a necessidade de terminar com uma situação autocrática e de pôr as Forças Armadas ao serviço de um projecto de modernização política e económica da Indonésia", recordou o presidente da Comissão Europeia.

"Julgo que a sua voz poderá ser ouvida com especial atenção em Rangum", disse ainda Durão Barroso.

Ressalvando "não ser um especialista na matéria", Durão Barroso considera que "o que está a desestabilizar a situação em Myanmar não é a posição da comunidade internacional mas o próprio regime de Rangun".

"O regime está a desestabilizar a região", acusou Durão Barroso.

"A situação traduziu-se numa violação flagrante dos direitos humanos, que os próprios países vizinhos têm dificuldade em explicar. É um factor de atrito", constatou ainda o presidente da Comissão Europeia.

"É do interesse dos países vizinhos contribuírem para a resolução dos problemas de Myanmar", respondeu Durão Barroso à questão do papel da Índia e da China na situação birmanesa.

A posição da UE e dos vizinhos da Birmânia "não sendo necessariamente idêntica, é convergente e complementar", afirmou Durão Barroso.

"Não sei qual é a posição dos generais de Rangun", explicou Durão Barroso.

"Mas nos nossos parceiros há uma determinação cada vez maior no apoio a uma transição democrática. Se estes nossos sinais forem transmitidos com firmeza, há uma hipótese de serem entendidos em Rangum", concluiu o presidente da Comissão Europeia.
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