Açoriano Oriental
Documentário desvenda visitas do tubarão-baleia a Santa Maria

Documentário “A Ilha dos Gigantes” descreve as visitas de grupos de tubarão-baleia à ilha de Santa Maria e relata algumas das descobertas científicas realizadas esse período


Autor: Ana Carvalho Melo

“A Ilha dos Gigantes” é o nome do documentário no qual o cameraman subaquático Nuno Sá e o investigador Jorge Fontes juntaram esforços para desvendar um dos grandes segredos sobre a vida marinha do Atlântico que esconde a ilha de Santa Maria.

Filmado durante um período de 11 anos, o documentário acompanha as expedições científicas e os pescadores para tentar desvendar a razão por que um grande número de tubarões-baleia visita a ilha de Santa Maria rodeado de milhares de atuns, assim como a sua presença afeta todo o tecido social e económico desta ilha.

“Os pescadores falavam no pintado e sabiam que quando viam uma mancha escura muito grande com pintas nas costas conseguiam apanhar uma grande quantidade de atum. E apesar de desconfiar que seriam tubarões-baleia, nesse dia mal entrei na água um tubarão-baleia parou a um metro de mim, rodeado de milhares de atuns. Isto foi um ‘boost’ muito grande na minha decisão de me tornar fotógrafo subaquático a tempo inteiro e também esclarecedor no que eu queria fazer em termos de carreira nos Açores”, contou Nuno Sá.

Entretanto o fotógrafo encontrou o investigador e a partir surgiu uma relação que culminou com a realização deste documentário.

“Foi um casamento natural juntar o nosso trabalho de investigação com o trabalho artístico do Nuno Sá e isto aconteceu de forma quase acidental em 2008”, refere o investigador do Okeanos Jorge Fontes, recordando: “Numa primeira expedição que fiz a Santa Maria ainda sem saber muito bem o que ia encontrar estava sozinho. O Nuno também estava sozinho e acabamos por nos juntar”.

A partir daí surgiu o objetivo desvendar os segredos desta população do maior peixe do mundo. Uma tarefa longa e recheada de contratempos, que são relatados ao longo deste documentário, mas que permitiu também descobrir mais sobre estas criaturas.

“Percebemos que cada tubarão-baleia leva uma escolta de atuns e que quando encontra cardumes de pequenos peixes os atuns saem debaixo dele e rodeiam-nos. Depois quando a bola de peixe está aprisionada junto à superfície o tubarão-baleia alimenta-se”, contou Nuno Sá.

Já o investigador Jorge Fontes realça que “o documentário é a parte mais visível para o grande público desta investigação”, referindo que  existem já algumas publicações científicas sobre estas visitas na calha, o que se deve à grande equipa com que trabalhou neste projeto.

“Eu apenas estou a dar a voz a essa equipa composta por muitas pessoas com diferentes competências que contribuíram para este trabalho”, realçou.

Ainda sobre este trabalho, Jorge Fontes destacou a importância de se dar a conhecer ao público em geral a investigação que é realizada na Região.

“A nossa prioridade é a investigação, compreender como funcionam os ecossistemas e esta espécie icónica, mas obviamente que há uma parte muito importante do nosso trabalho que é a divulgação de modo que o público compreenda a importância do trabalho fazemos e a riqueza dos nossos mares”, afirmou.

Nuno Sá e Jorge Fontes destacaram ainda a importância do contributo de toda a população da ilha de Santa Maria para que este trabalho tenha sido realizado, lembrando que a presença dos tubarões-baleia “mexe em todo o tecido social e económico da ilha”.

“Este documentário é dedicado aos pescadores de atum da ilha de Santa Maria. Nós fomos acarinhados pela população inteira da ilha e foi graça à sua ajuda, que todos os dias nos chamavam quando estavam no mar e viam tubarões-baleia, que conseguimos concretizar este projeto”, revelaram.

“A Ilha dos Gigantes” foi produzido pela Atlantic Ridge Productions em parceria com Blue Azores para o canal RTP1 e conta com realização de Nuno Sá.

O documentário está a ser sucesso, tendo sido já apresentado no Cinema São Jorge em Lisboa e em Santa Maria, assim como na RTP 1 e na RTP Açores. Agora a vontade é distribui-lo a nível internacional de modo a dar a conhecer este segredo do Atlântico a mais pessoas, sendo que no próximo ano será possível de o visualizá-lo na Netflix.

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