Açoriano Oriental
Dia Internacional dos direitos do animal
O Dia Internacional dos Direitos do Animal assinala-se hoje, com o alerta de que muitos dos animais recolhidos na rua e que ficam nos canis municipais à espera de dono ou de abate passam esses dias em "condições miseráveis".

Autor: Lusa/AO On line

O alerta partiu da presidente da Liga Portuguesa dos Direitos do Animal (LPDA), Maria do Céu Machado, para quem o abate dos animais recolhidos na via pública deve ser substituído por condições que promovam a sua adopção, um trabalho que "deve envolver todos: população, escolas e autarquias".

A responsável apela às autarquias que "assumam um comportamento mais humanitário para com os animais". Esse "despertar das consciências" passa, segundo Maria do Céu Machado, pela abolição da recolha e abate dos animais de rua e por um investimento maior no trabalho com as associações locais ou com a própria população.

"Há na população muita gente interessada em difundir a mensagem de como se deve ter e tratar os animais, recuperando-os e promovendo a adopção no lugar do abate", disse.

Para a LPDA, a eutanásia só deve ser aplicada "em casos de extrema necessidade" e quando envolva questões de saúde.

O tratamento que algumas autarquias dão aos animais recolhidos também merece críticas por parte de Maria do Céu Machado que classifica de "miseráveis" algumas das condições em que estes são mantidos.

"Os animais continuam a ser tratados como lixo e alguns canis não respeitam as normas de bem-estar animal", disse.

Para Maria do Céu Machado, os veterinários municipais deveriam dar "um tratamento mais humanitário" aos animais que estão nestas condições, impondo as regras de bem-estar animal nos próprios canis e "serem eles próprios a incentivar os vereadores com este pelouro a dar mais condições aos animais recolhidos".

Contactado pela Lusa, o bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, João Pedro de Sousa, reconheceu que "muitos dos canis não têm condições".

Contudo, João Pedro de Sousa descarta qualquer responsabilidade dos profissionais, lembrando que "muitas vezes são os próprios veterinários municipais que se sentem constrangidos a trabalhar em más condições".

O bastonário defende "um programa nacional" para ultrapassar as dificuldades, mas lembra que esta é uma situação que envolve verbas, pessoas e espaços.

"Muitas vezes as autarquias não têm condições ou vontade de melhorar as condições dos canis municipais", disse.

João Pedro Sousa defende o fim do abate dos animais nos canis municipais, prática que, no entanto, só poderá acabar quando existirem outras condições e não houver tantos animais abandonados.

"Quem abandona [os animais] é que deve ser penalizado", defendeu.

Sobre a prática da eutanásia, o bastonário da Ordem dos Veterinários garante que esta é praticada no seguimento da lei e que não envolve qualquer sofrimento para o animal.

"Este é um princípio que não pode nem é esquecido: a ausência de dor" do animal.

Segundo a Declaração Universal dos Direitos do Animal, "se a morte de um animal é necessária, esta deve ser instantânea, indolor e não geradora de angústia".

O mesmo documento classifica o abandono de um animal como "um acto cruel e degradante".

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