Açoriano Oriental
Benfica x Sporting
"Derby" eterno comemora 100 anos de emoções
O "derby eterno" do futebol português, entre Benfica e Sporting, festeja sábado o 100º aniversário, pois foi a 1 de Dezembro de 1907 que as duas formações lisboetas se defrontaram pela primeira vez.
"Derby" eterno comemora 100 anos de emoções

Autor: Lusa / AO online
No campo da Quinta Nova, em Carcavelos, em encontro da terceira jornada da segunda edição do campeonato regional de Lisboa (1907/1908), a formação “leonina”, reforçada com oito jogadores contratados aos “encarnados”, venceu por 2-1.

    Cândido Rodrigues deu vantagem ao Sporting, Corga empatou, já na segunda parte, mas, um tento na própria baliza de Cosme Damião selou o triunfo dos “leões”, que, antes, e segundo rezam as crónicas, saíram do campo devido a forte chuvada e voltaram... contrariados.

    Este episódio rocambolesco foi o primeiro de uma história de emoções intensas, que, em 100 anos, conta já um total de 274 capítulos, marcados, na globalidade, por equilíbrio, mas com ligeira vantagem do Benfica.

    Entre campeonato, Taça de Portugal, Supertaça, campeonato de Portugal e regional de Lisboa, os “encarnados” totalizam 117 vitórias, contra 107 do conjunto “verde e branco”, e mais 31 golos marcados (465 contra 435), num “derby” que terminou empatado em 50 ocasiões.

    Mais do que os números globais, o “derby dos derbies” é, no entanto, marcado por momentos, por tardes ou noites de inspiração individual ou colectiva, jogos que, por uma ou outra razão, entraram para a lenda e são recordados sempre que as equipas se reencontram.

    Entre esses, e por estarem ainda “frescos” na memória de todos, os mais célebres são, indiscutivelmente, os 7-1 com que o Sporting humilhou o Benfica em 1986/87, na tarde de Manuel Fernandes (quatro golos), e os 6-3 com que os “encarnados” responderam, também em Alvalade, em 1993/94, na noite de João Pinto (três).

    O primeiro desses encontros aconteceu a 14 de Dezembro de 1986: frente a um Benfica que se apresentou invicto no campeonato e - e não mais viria a perder, sagrando-se campeão -, o Sporting, de Manuel José, esteve simplesmente intratável na segunda parte.

    O intervalo chegou com os “leões” a vencer por 1-0, com um tento de Mário Jorge, e, depois de Manuel Fernandes apontar o segundo, o brasileiro Wando reduziu, aos 59 minutos, parecendo, então, que o “onze” de John Mortimore ainda poderia segurar a invencibilidade.

    Só que, o inglês Ralph Meade, aos 65 minutos, voltou a dar dois tentos de vantagem aos “leões”, que, a partir daí, passaram a marcar a cada remate: Mário Jorge somou mais um e Manuel Fernandes mais três, selando a maior goleada de sempre face ao Benfica.

    Mesmo tendo ganho esse campeonato, os “encarnados” ficaram de “orgulho ferido” e só puderam clamar “vingança” mais de sete anos depois, quando, a 14 de Maio de 1994, no jogo do “título” de 1993/94, “arrasaram” Alvalade, com um triunfo por 6-3.

    Num dia de chuva intensa, o Sporting, que procurava um título que lhe fugia desde 1981/82, ainda liderou por 1-0 e 2-1, com tentos de Cadete e Figo, mas João Pinto escreveu a mais bela página da sua história, conseguindo um “hat-trick” na primeira metade.

    Na segunda metade, Carlos Queirós arriscou tudo, com a troca de Paulo Torres por Pacheco, e o “onze” de Toni aproveitou para chegar a 6-2, com um “bis” de Isaías e um tento de Hélder, perante um Sporting impotente, mas que ainda reduziu, num penalti de Balakov.

    Nos últimos anos, a maioria dos “derbies” não têm conseguido entrar nos anais da história, com uma excepção, o excitante embate dos oitavos-de-final da edição 2004/2005 da Taça de Portugal, na Luz, decidido apenas numa longa “lotaria” de grandes penalidades.

    Os primeiros 23 minutos foram frenéticos, com o brasileiro Geovanni a adiantar os anfitriões e a empatar a dois, depois de Hugo Viana e o seu compatriota Liedson virarem o resultado.

    As emoções regressaram no prolongamento, com Paíto, após genial jogada individual, a voltar a dar o comando aos “leões” e Simão a empatar, aos 117 minutos, com um grande remate de fora da área, forçando o desempate por penaltis: ao 14º, Miguel Garcia foi o primeiro a falhar e o Benfica seguiu em frente.

    Na história, entraram também o triunfo do Benfica em Alvalade em 1999/2000 (1-0, com um golo do egípcio Sabry, sobre o final) e o empate de 2001/2002 (1-1), que adiaram festas “leoninas”, e, mais recentemente, a cabeça de Luisão, que, a 14 de Maio de 2005, na Luz, decidiu praticamente o título de 2004/2005 a favor dos “encarnados”.

Antes, em 1985/86, também ficou célebre o triunfo conquistado pelo Sporting na Luz (2-1), com tentos de Morato e Manuel Fernandes, que, a uma jornada do fim, roubou o título ao Benfica e entregou-o ao FC Porto, no mesmo dia vencedor em Setúbal, com um golo de Futre.

Em matéria de proezas individuais, os “leões” Peyroteo e Lourenço ficaram célebres pelos quatro golos conseguidos na Luz em 1965/66 (4-2) e 47/48 (4-1), a mesma marca obtida pelo “pantera negra” Eusébio, no 4-1 de 72/73, e Joaquim Teixeira, no 5-4 de 43/44.

As goleadas caseiras do Benfica em 1945/46 (7-2) e 78/79 (5-0, com o quinto tento apontado... aos 40 minutos) e do Sporting em 46/47 (6-1) e 48/49 (5-1) merecem igualmente destaque, bem como os triunfos fora dos “encarnados” em 73/74 (5-3) e 97/98 (4-1).

Na Taça de Portugal, prova em que os “leões” somam mais vitórias, mas as “águias” ganham nas finais (seis contra duas), o jogo mais célebre data de 1951/52: na final, disputada a 15 de Junho de 1952, o Sporting esteve a ganhar por 1-0, 3-2 e 4-3, mas o Benfica acabou por triunfar por 5-4, com um golo de Rogério, aos 90 minutos.

Uma outra final, a de 1995/96, ficou também na história, mas pelas piores razões: num encontro que o Benfica venceu por 3-1, com um “bis” de João Pinto, um “very light” enviado do lado “encarnado” matou um adepto “leonino” e manchou de sangue o “derby”.

Em tantos jogos, lugar também para um celebrizado pelo lado “trágico-cómigo”: a 12 de Fevereiro de 1978, na Luz, Vítor Baptista, depois de decidir (1-0), colocou “meio mundo” à procura do seu brinco, enquanto Jordão fracturou tíbia e perónio, após entrada de Alberto.
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