Autor: Lusa / AO online
Contrariando a ideia de que perigosos são os das lojas chinesas, a DECO comprou 30 brinquedos também em lojas da especialidade e hipermercados e descobriu que 18 eram perigosos, tendo concluído que nenhum tipo de espaço comercial dá garantias de segurança.
Segundo a responsável pelos testes, Teresa Belchior, a ASAE (entidade que fiscaliza os brinquedos) já foi alertada para a existência dos 18 brinquedos perigosos que devem ser retirados do mercado.
Teresa Belchior afirmou que a situação no mundo dos brinquedos não tem vindo a melhorar, fazendo uma comparação com os resultados dos testes que a Deco realiza desde 1993.
"Os resultados dos testes realizados em 2007 não diferem muito dos resultados dos outros anos. Mais de metade dos brinquedos comprados são perigosos", alertou a técnica responsável pelos testes realizados pela associação de defesa do consumidor.
As falhas mais comuns encontradas nos 18 brinquedos chumbados pela associação foram a descoberta de "peças pequenas que se soltam e brinquedos que se partem com facilidade criando pontas aguçadas ou bordos cortantes".
Num laboratório improvisado numa das salas da Deco, em Lisboa, Teresa Belchior demonstrou que alguns brinquedos tinham pouca resistência, podendo partir-se em pedaços ou até libertar peças pequenas que poderiam sufocar as crianças.
Num cilindro que simula a traqueia de uma criança para ver se existe perigo de sufocamento, Teresa Belchior meteu varias peças como bolinhas e pilhas que estavam no interior de brinquedos que se partiam com facilidade.
Outra das falhas detectadas foi precisamente a má qualidade do compartimento para colocar pilhas, tornando este pequeno objecto tóxico de fácil acesso às crianças.
Numa caixa repleta de pequenos carros coloridos, a Deco descobriu que alguns "estavam muito próximos dos limites admissíveis em chumbo e cádmio" (dois metais pesados toxicos).
A Deco conseguiu também comprar brinquedos que, contrariando a legislação em vigor, eram inflamáveis.
"Quando estão próximos de uma chama, os matérias têm de fazer auto-extinção da chama, até porque as crianças têm um tempo de reacção muito inferior aos adultos para se afastarem dos objectos", explicou Teresa Belchior que demonstrou o perigo queimando uma echarpe de plumas rosa.
O teste descobriu ainda falhas graves ao nível de rotulagem, que passavam pela exclusão da idade mínima recomendada ou ausência de avisos sobre os perigos inerentes.
"A indicação de um "3+" não diz rigorosamente nada. Não se sabe se é mais de três meses, mais de três anos ou se é para ser jogado por três ou mais crianças", sublinhou Teresa Belchior, mostrando uma caixa com loiça de porcelana para crianças.
Além desta falha, alguns não tinham rótulo escrito em português e outros conseguiam a proeza de ter informações contraditórias.
Como exemplo, Teresa Belchior mostrou a embalagem de um comboio colorido que de um lado dizia tratar-se de um "brinquedo desenvolvido de acordo com as normas da europeias sobre segurança de brinquedos", noutra face garantia tratar-se de um "objecto de colecção não aconselhado a crianças por questões de segurança" e que possuía ainda uma informação em inglês dizendo: "This is not a toy/ For adult collectors only".