Autor: Lusa/AO On line
"A sobreembalagem [espaço vazio entre a embalagem e o produto] e vários tipos de material são falhas comuns na concepção das embalagens", o que, além de consumir muitas matérias-primas, dificulta a separação doméstica e a reciclagem, conclui um estudo da DECO PROTESTE ao impacto ambiental de 14 produtos embalados.
Segundo a associação para a defesa dos consumidores, a produção de resíduos está a crescer anualmente, contrariando os objectivos comunitários.
Apesar dos esforços da União Europeia para diversificar e melhorar o destino dos resíduos em final de vida, o problema não pode ser resolvido só com o seu tratamento adequado.
"É preciso apostar na prevenção: o 'ecodesign' é incontornável, mas a Europa ainda tem um longo percurso a percorrer", denuncia a associação para a defesa dos consumidores no seu estudo, a que a agência Lusa teve acesso.
A DECO escolheu categorias de produtos do dia-a-dia, como lâmpadas, pasta de dentes ou detergentes, avaliou o seu potencial de aquecimento global em gases com efeito de estufa e mediu a sobreembalagem, a resistência à compressão (a espalmar) e a facilidade de separar os vários materiais que os compõem, para pôr no ecoponto.
Entre os detergentes, aponta o Fairy como um bom exemplo, que utiliza um único tipo de material - o plástico - fácil de separar e de espalmar, ocupando menos espaço no ecoponto.
O Calgonit é um mau exemplo, pois utiliza quatro materiais diferentes com caixas difíceis de espalmar e muita embalagem desaproveitada.
Entre as pastas de dentes, a DECO avaliou a Colgate e elegeu a versão em tubo, mas salienta que deveriam ser vendidas sem a caixa de cartão, não só porque reduz a quantidade de material usado, mas também porque o tubo é mais fácil de compactar.
As lâmpadas Philips também não escaparam à inspecção da DECO, que concluiu que optar por materiais colados (papel e plástico) dificulta a separação em casa e a reciclagem.
Este estudo é divulgado a propósito da Semana Europeia da Prevenção de Resíduos, que se assinala entre 21 e 29 de Novembro, e à qual a DECO se juntou, apoiada pelo Programa Life+ da Comissão Europeia, para sensibilizar o consumidor. Durante esta semana, as Brigadas de Carbono vão visitar 18 escolas de Norte a Sul com o objectivo de alertar os jovens para a necessidade de adoptarem hábitos mais sustentáveis.
A associação defende ainda que a quantidade dos materiais usados, o processo de fabrico, transporte e tipo de tratamento das embalagens quando atingem o fim de vida têm de obedecer a critérios mais exigentes.
"A Europa deve apressar-se a diminuir os custos de gestão e tratamento, bem como a ocupação de solo, poluição do ar e ruído", alerta.