Autor: AO Online/ Lusa
O presidente do Governo dos Açores está em visita oficial à Bermuda, e numa passagem pelo museu nacional do território, onde se encontra a exposição permanente "Azores e Bermuda", foi abordado pelo casal septuagenário norte-americano, que partilhou as suas experiências recentes e aproveitou para tirar uma fotografia para depois recordar.
À reportagem da agência Lusa, Bernard diz que já estiveram na ilha de São Miguel "há seis, sete anos, noutro cruzeiro", e as memórias não são das lagoas - "não fomos, não tivemos muito tempo" -, mas sim da torre sineira de Ponta Delgada, que tem uma ampla perspetiva sobre a maior cidade açoriana.
"Queríamos desta vez ir ver mais jardins e natureza, mas não foi possível atracarmos devido à tempestade «Pablo», era perigoso. Agora estamos na Bermuda, chegámos esta manhã, estávamos aqui no museu e ouvimos falar numa comitiva de açorianos, quisemos saber o que se passava e conhecer o presidente", prosseguiu o norte-americano.
A esposa, Rita, concretiza: "Fomos oportunistas, mas ele foi muito simpático, estou muito impressionada".
E Portugal, no seu todo? "Estivemos em Lisboa também já há mais de dez anos. Vimos uma cantora de fado a ensaiar na rua, num largo, foi impressionante", recorda Bernard.
A exposição permanente, que Vasco Cordeiro e a comitiva dos Açores visitaram esta manhã, retrata a importância e a influência, ao longo do tempo, da comunidade açoriana para o desenvolvimento daquele território.
No sábado à noite, Vasco Cordeiro marcou presença numa receção oferecida pelo 'premier' [chefe de Governo] Edward David Burt a propósito das comemorações dos 170 anos da chegada dos primeiros portugueses a este território ultramarino britânico, motivo da viagem.
Assinala-se na Bermuda "um facto histórico", sinalizou o governante açoriano, mas é necessário também "olhar em frente para o que representa este aniversário".
E prosseguiu: "Ele representa a vontade de lutar por uma vida melhor, o empenhamento de ajudar a construir uma terra que não é aquela onde se nasceu e a tenacidade de ultrapassar a ausência da família".
Na segunda-feira, feriado nacional instituído este ano para assinalar a chegada dos portugueses à Bermuda, o programa tem início com a cerimónia de descerramento de uma placa alusiva à chegada de açorianos à Bermuda, enquanto que, à tarde, Vasco Cordeiro inaugura a sede da Casa dos Açores na Bermuda, encontrando-se com a comunidade açoriana.
Está ainda prevista uma visita ao Clube Vasco da Gama, fundado em 1935, responsável pela Escola Portuguesa, dedicada ao desenvolvimento e preservação da língua portuguesa, projeto apoiado pelo Governo dos Açores.
Esta é a primeira deslocação oficial de Vasco Cordeiro à Bermuda, que foi destino da emigração açoriana desde meados do século XIX. Estima-se que cerca de 20 a 25% da população da Bermuda seja descendente de portugueses, dos quais 90% de origem açoriana.
Se, relativamente aos outros destinos da emigração açoriana, a maioria dos emigrantes eram oriundos de todas as ilhas dos Açores, no caso da Bermuda, são, maioritariamente, naturais de concelhos específicos de São Miguel.
A Bermuda foi, assim, o terceiro grande destino da emigração açoriana, após Brasil e Estados Unidos da América.
Relativamente aos processos que foram tratados diretamente pela Direção Regional das Comunidades dos Açores, apurou-se, de 1960 a 2018, um total de 8.626 cidadãos portugueses da região que saíram para a Bermuda com contrato de trabalho, para exercerem diversas atividades profissionais, nomeadamente nas áreas da construção civil e jardinagem.
De 2013 a 2018 saíram da região 389 cidadãos dos Açores, e este ano, de janeiro a 13 outubro, saíram da região 80 cidadãos açorianos com contrato de trabalho para a Bermuda.