Autor: Susete Rodrigues/AO Online
Num concerto que está a preparar com muito carinho, Cristina Clara,
está expectante para o que será a sua primeira atuação em palcos
açorianos.
Tendo já passado pela ilha de São Miguel – mas não para
cantar – a artista afirmou que teve a oportunidade de conhecer a ilha e
“costumo dizer que é o lugar mais bonito que conheço, não só em termos
de paisagem natural, mas também porque tem uma tradição musical que me
agrada muito e que ouço. Por exemplo, gosto muito do Zeca Medeiros”.
Em declarações ao jornal Açoriano Oriental, Cristina Clara refere que na próxima sexta-feira vai apresentar ao público açoriano temas do seu disco ‘Lua Adversa’, bem como “alguns temas novos e alguns que preparamos especialmente para este concerto”, explicando que o seu repertório “navega sempre entre temas originais e temas revisitados, inspirados na música tradicional portuguesa, de Cabo Verde e do Brasil”.
Num cruzamento de culturas e de tradições, a cantora portuguesa define a sua música através de narrativas, salientando que o “que une o meu repertório não é propriamente o género musical porque o meu repertório é mais unido por uma narrativa do que propriamente por um género musical. Por exemplo, o meu primeiro disco navega muito à volta do fado e do chorinho do Brasil”, disse.
Desde o lançamento do seu primeiro disco em 2021, Cristina Clara tem passado por vários palcos, nacionais e internacionais, onde se destaca o Festival NOS Alive, o Teatro da Trindade, em Lisboa, a Atlantic Music Expo, em Cabo Verde, a Casa de Portugal de São Paulo, no Brasil, ou o Centre Culturèl des Artes Plurièls, no Luxemburgo.
Este ano de 2024 tem sido, igualmente, positivo e com experiências “muitos enriquecedoras e que nos levam além da nossa zona de conforto”. Em março, Cristina Clara marcou presença na final do Festival da Canção, como autora convidada, tendo apresentado o tema ‘Primavera’, com letra da sua autoria e música do compositor cabo-verdiano Jon Luz.
De acordo com a cantora, “é sempre uma experiência marcante, pela intensidade, pelo rigor, pela canção, pelo cenário. Por exemplo, na apresentação da minha música sou muito espontânea e às vezes canto a música de maneira diferente, para televisão temos que nos preparar para atuar dentro daquele tempo”. Recentemente marcou presença no Lucerne Festival in Den Strassen, na Suíça, descrevendo como uma “experiência maravilhosa”. “Nunca tinha estado na Suíça, é uma cidade lindíssima, as pessoas são muito gentis, fomos muito bem acolhidos, havia alguns portugueses que têm uma afinidade com a minha música, mas também aquelas pessoas que chegavam de novo”, disse para acrescentar que “fizemos vários concertos, tocávamos todos os dias e foi uma grande riqueza humana porque havia várias bandas a participar no festival, criamos laço. Para mim, ter a oportunidade de viajar, conhecer pessoas e fazer música é e foi perfeito”.
A artista portuguesa, nascida no Minho, durante algum tempo conciliou a sua profissão de enfermeira com os seus estudos de teatro, voz e canto. Terminada a licenciatura em Enfermagem, no Porto, Cristina Clara mudou-se para Lisboa, onde durante 15 anos trabalhou na Cardiologia do Hospital de Santa Maria. Entretanto, desde que lançou o meu primeiro álbum teve de deixar o hospital porque o “horário não me permitia conciliar com os concertos e as viagens”, mas continua a trabalhar na área saúde “como enfermeira, mais remotamente”, salientou.
Depois da sua estreia no Teatro Micaelense, Cristina Clara irá até ao Porto Santo, na Madeira, para mais uma iniciativa do projeto PORTA33. Ainda este ano, irá estar em Manchester, no Womex Showcase, sendo que “será também a altura de preparar o próximo disco que espero que saia no início do próximo ano”, finalizou.
Dos Açores para a Madeira para o projeto Porta33
Desta forma, a próxima viagem da cantora portuguesa será
até ao arquipélago vizinho, concretamente ao Porto Santo, onde irá
realizar oficinas “com os grupos da comunidade, para então construirmos
um concerto. Para isso convidei alguns colegas músicos de Portugal,
Brasil e também da Ucrânia”, explicou Cristina Clara ao jornal Açoriano
Oriental.