“Atualmente as cadeias de retalho procuram mais localizações em cidade, como a zona do Chiado, em Lisboa, ou Santa Catarina, no Porto, do que em centros comerciais”, afirmou em entrevista à Lusa Eric van Leuven. As razões, adiantou, estão relacionadas tanto com a maturidade dos centros comerciais como com as consequências da crise económica e financeira em Portugal e no resto do mundo. “Os centros comerciais absorveram nos últimos 20 anos muita procura e são, em termos internacionais, uma história de sucesso fenomenal”, defendeu aquele responsável, lembrando que em Portugal são muito poucos os consumidores que não têm um centro comercial pelo menos num raio de 30 a 40 quilómetros. Além da própria saturação do mercado, também a crise financeira e económica levou a um abrandamento destes grandes projetos e os lojistas “nos últimos anos” começaram a virar-se para localizações mais tradicionais. “Começa a ser mais fácil conseguir lojas porque há também uma modernização natural do tecido comercial”, afirmou Eric van Leuven, referindo-se ao facto de existem atualmente mais lojas para arrendamento devido a alterações legais. “A alteração da lei do arrendamento acabou com os valores exorbitantes de trespasse pedidos pelos lojistas com o objetivo de assegurarem as suas reformas”, disse, explicando que essa alteração legislativa aumentou a rotação neste mercado. As estimativas do diretor geral da Cushman & Wakefield para o setor não são muito animadoras: “No curto prazo estou preocupado. As propostas da troika são tantas e tão transversais que vão afetar a atividade económica e isso reflete-se logo no imobiliário”. No entanto, ressalvou ter esperança na “boa cotação” do imobiliário nacional: “Tem muito boa cotação lá fora e agora está com um excelente preço”.