Autor: Lusa/AO Online
O relatório foi elaborado por um grupo de trabalho composto por deputados regionais e analisa a situação e as perspetivas das cooperativas açorianas, algumas das quais atravessam dificuldades financeiras.
Além de uma gestão profissional, o relatório aponta que "eventuais apoios futuros" que venham a ser atribuídos às cooperativas, no âmbito de programas regionais ou comunitários, devem "depender" da existência ou não desses serviços de gestão profissional.
Os deputados que compõem o grupo de trabalho reuniram com dez cooperativas de diferentes ilhas da região e concluíram ainda serem necessárias mais iniciativas governamentais de sensibilização para a produção e mais formação e acompanhamento técnico dos produtores.
Estas medidas de apoio à produção são fundamentais, no entender dos deputados, sobretudo "nas ilhas mais pequenas e com maiores problemas em termos de quantidade de leite produzido, de modo a melhor orientá-las no contexto geral em que se movem".
"Devem ser promovidas políticas públicas que visem a concertação de estratégias comerciais por parte das cooperativas dando assim, a estas, maior eficácia no 'marketing' dos seus produtos e aumentando o seu poder negocial face às exigências dos mercados", pode ainda ler-se entre as onze recomendações do relatório, com mais de uma centena de páginas.
O grupo de trabalho concluiu também que as cooperativas devem ter como prioridade a utilização dos novos sistemas de incentivos no âmbito do novo Quadro Comunitário de Apoio (2014-2020), no sentido da diminuição dos seus custos energéticos e de transportes.
No debate parlamentar que se seguiu à apresentação do relatório, o secretário regional da Agricultura e Ambiente, Neto Viveiros, reconheceu que "as cooperativas têm passado por algumas dificuldades", mas manifestou confiança em que as soluções agora propostas possam contribuir para o equilíbrio financeiro das pequenas unidades fabris.
Apesar disso, Renato Cordeiro, do PSD, acusou o PS e o Governo Regional dos Açores de serem responsáveis pela atual dificuldade financeira das cooperativas, que considerou resultarem do "sobredimensionamento das indústrias" e dos respetivos custos de exploração, que empurraram muitos produtores para a banca.
Já Zuraida Soares, do Bloco der Esquerda, entende que o maior desafio que se coloca às cooperativas de lacticínios dos Açores, e à indústria leiteira de uma forma geral, é o fim das quotas leiteiras na Europa, em 2015, que trará consequências para o setor ainda difíceis de avaliar.