Autor: Lusa/AO Online
“Saímos daqui com muito poucas respostas. Este Governo não pode ter um estado de graça pela razão simples de que este Governo não tem graça nenhuma. Teríamos quanto muito que dar o benefício da dúvida, mas temos muitas dúvidas sobre o benefício deste Governo”, declarou Telmo Correia.
Na intervenção de encerramento do debate do programa do Governo, Telmo Correia acusou o primeiro-ministro, José Sócrates, de ter tentado “fazer-se passar por vítima” e “fazer passar para os outros os próprios erros e responsabilidades”.
“Esta estratégia falhou. Saiu daqui com o ónus de uma governação estável e de ser ele próprio a apontar o rumo para o país”, afirmou Telmo Correia.
“Reconhecemos ao Governo a legitimidade de governar, (…) mas tem um rumo, um caminho, ou tenciona a continuar a navegar à vista?”, questionou.
O deputado destacou que a circunstância de haver uma maioria relativa valoriza o Parlamento e obriga o Governo a procurar consensos.
“Vossa Excelência gaba-se e bem de ser o que mais vezes veio ao Parlamento para falar. Mas agora continuará a vir, mas tem também que ouvir”, avisou.
Telmo Correia exigiu, tal como já tinha feito o líder do CDS-PP, Paulo Portas, respostas sobre se o Governo admite adiar a entrada em vigor do novo Código Contributivo, prevista para Janeiro, e se tem “margem fiscal” para baixar os impostos no próximo orçamento do Estado.
Telmo Correia frisou que agora o primeiro-ministro já não pode responsabilizar “o passado” para justificar as suas políticas: “O défice nos 8,5 por cento, o desemprego em alguns distritos a ultrapassar os 10 por cento, o endividamento externo atinge os 100 por cento do PIB. (…) É este o quadro negro das herança que recebe, só que a recebe de um primeiro-ministro que se chama José Sócrates”, disse.