Açoriano Oriental
Vilar de Mouros
Burocracia trava obras urgentes de reabilitação em ponte românica
As obras de reabilitação da ponte românica de Vilar de Mouros, consideradas "urgentes" desde há três anos, ainda não avançaram devido à extinção da Direcção-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), explicou a Câmara de Caminha.

Autor: Lusa / AO online
Em comunicado, a Câmara lembra que a tutela daquela obra pertencia à DGEMN, que desenvolveu o respectivo projecto, já concluído.

"A extinção daquele organismo veio suspender uma obra que, directamente, até nem terá custos para o Estado, uma vez que a Câmara está disposta a pagar os trabalhos de reabilitação, estimados em cerca de 20 mil euros", refere o comunicado.

Acrescenta que a Câmara está agora "a fazer todos os esforços" para assinar um protocolo com o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR), sem o qual a obra não pode avançar uma vez que a ponte está classificada como monumento nacional.

O IGESPAR resultou da extinção e fusão do Instituto Português de Arqueologia (IPA) e do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR).

"Com a nova organização, falta agora apenas definir quem fica responsável pela obra", sustenta a Autarquia.

Datada do século XIII, a ponte românica de Vilar de Mouros "aguarda desde há cerca de três anos por obras, já nessa altura consideradas urgentes, como é o caso do arranjo do pavimento, também de uma parte das guardas e dos aquedutos".

A Câmara reconhece que a inauguração do troço da A-28, entre Viana do Castelo e Caminha, "veio pressionar ainda mais a ponte, que agora está sujeita a um tráfego acrescido, embora a travessia tivesse sido proibida à circulação de pesados e limitada a velocidade aos 10 quilómetros por hora para os ligeiros.

No Outono de 2004, o presidente da Junta de Vilar de Mouros, Carlos Alves, alertou para o "perigo iminente" em que se encontra a ponte românica da freguesia e exigiu "medidas urgentes" para evitar a ruína daquele monumento nacional.

"A ponte apresenta um abatimento significativo no pavimento e uma série de fissuras nos arcos e aquedutos, pelo que inspira muitos cuidados. Não tenho dúvidas de que, se nada for feito, ela acabará por cair", disse à Agência Lusa o autarca comunista.

Carlos Alves reivindica mesmo a construção de uma nova ponte em Vilar de Mouros, ficando aquela, "de elevado valor sentimental" para as gentes da freguesia, destinada apenas a peões.

A ponte românica de Vilar de Mouros é, neste momento, o único elo de ligação entre os diversos lugares da freguesia, que está dividida pelo rio Coura.

"A única alternativa seria atravessar o rio pela ponte de Caminha, o que obrigaria a uma volta de cerca de sete quilómetros", referiu o autarca.

Há cerca de quatro anos, a Direcção-Geral dos Monumentos Nacionais fez uma intervenção na ponte que, segundo Carlos Alves, "não passou de uma pequena operação de cosmética".

"Fizeram a limpeza do local e o enchimento das juntas e pouco mais", criticou o autarca, sublinhando que a solução passa por uma "intervenção de fundo", que "não poderá demorar muito", sob pena de se perder um dos 'ex-libris' da freguesia.
PUB
Regional Ver Mais
Cultura & Social Ver Mais
Açormédia, S.A. | Todos os direitos reservados