Açoriano Oriental
Brigadas nocturnas para salvar cagarros começam amanhã
A associação ecologista Amigos dos Açores inicia segunda-feira, nas ilhas de S. Miguel e Santa Maria, a acção de brigadas nocturnas para salvamento de cagarros, iniciativa que em 2008 permitiu salvar cerca de 200 destas aves marinhas

Autor: Lusa/AO On line
. As brigadas nocturnas, que vão decorrer até 07 de Novembro, são compostas por elementos da associação e voluntários, tendo a seu cargo várias zonas consideradas críticas naquelas duas ilhas do arquipélago.

Na costa sul de S. Miguel, serão cobertas as zonas Praia das Milícias/Santa Cruz da Lagoa, Avenida Marginal/Santa Clara e Miradouro da Relva/Feteiras, enquanto na costa norte as brigadas vão intervir na zona entre o ‘Palheiro’ e a Escola Secundária da Ribeira Grande.

Em Santa Maria, a atenção estará voltada para as baías da Praia Formosa e de S. Lourenço, a Maia e Vila do Porto.

O cagarro (Calonectris diomedea borealis) é a ave marinha mais abundante nos Açores, onde regressa todos os anos em Março para acasalar e nidificar, formando colónias com centenas de indivíduos nas falésias costeiras e nos ilhéus.

No final de Outubro, os juvenis atingem a plumagem e o tamanho adulto, sendo nessa altura abandonados nos ninhos pelos progenitores, que partem para a migração anual para sul.

A fome leva-os a sair do ninho para procurar comida, mas, como se orientam pelas estrelas, a falta de prática faz com que muitas vezes sejam atraídos pelas luzes das povoações e dos automóveis, acabando muitos por ser mortos por colisão e atropelamento.

A campanha SOS Cagarro realiza-se todos os anos nesta altura desde 1995, envolvendo diversas entidades em todas as ilhas do arquipélago, numa união de esforços para salvar o maior número possível destas aves, cujo canto é uma das imagens de marca das noites de Verão nos Açores.

Quem encontrar um cagarro deve aproximar-se lentamente e com luvas, cobrir o corpo da ave com uma manta e pegar-lhe pelo pescoço e pela cauda.

A ave deve ser colocada numa caixa de cartão, permanecendo ali durante a noite, num local tranquilo e escuro, para ser libertada de manhã, junto ao mar.

A maior concentração mundial de cagarros ocorre nos Açores, mas a espécie encontra-se em regressão devido à sua vulnerabilidade a predadores terrestre e à actividade humana.

Por essa razão, esta ave está protegida por legislação nacional e internacional, sendo proibido capturar, deter ou abater um cagarro, assim como destruir ou danificar o seu habitat.

O cagarro, que se alimenta de peixe, lulas e crustáceos, é uma ave marinha adaptada à vida em alto mar, podendo viver cerca de 40 anos.

Todos os anos, em Março, depois de passarem alguns meses nos mares do sul, estas aves regressam aos Açores para se reproduzirem, utilizando o mesmo local onde estiveram no ano anterior.

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